Ellen Augusta Valer de Freitas
Numa comunidade do interior de Encantado – RS, há uma pequena capelinha e dentro dela um santo. A curiosidade é que este santo vem acompanhado de um pequeno porquinho. Ao perguntar à minha tia Serenita, qual o nome do santo ela me disse: Santo Antônio do porquinho.Depois fui descobrir que este santinho na verdade é São Antão. Mas o popularesco mistura os nomes, as fantasias e lendas a respeito desses personagens históricos religiosos. O santo em questão, andava segundo consta, acompanhado dos porcos que serviriam depois, de meios de angariar fundos para sua igreja.
Já vimos até uma tourada a favor dos animais. A mente humana está de tal forma dividida, segmentada, que não vê mal algum em torturar um touro covardemente, e revertir a verba do “espetáculo” para ajudar outros animais. Uma das inúmeras lendas do porquinho de Santo Antônio é contada em Portugal.
“Na aldeia de Sapiãos, concelho de Boticas, para angariar fundos para as obras da Igreja, a Comissão Fabriqueira comprava um leitão (porco pequenino) e a alimentação deste, até ser grande e estar muito gordo, ficava ao cuidado da população que gostava muito de colaborar com a engorda do porco de Santo António.”
“E as igrejas continuam bem conservadas e bonitas. Aqui fica o nosso agradecimento aos numerosos porcos de Santo António que se foram sucedendo ao longo de séculos, na aldia.”
(citação do site: http://belezaserrana.blogs.sapo.pt)
“Na nossa língua portuguesa aconteceu um fato singular: na época em que apareceu Santo Antônio de Pádua (séc. 12/13), que nasceu em Lisboa-Portugal, e por isso é conhecido em Portugal por Santo Antônio de Lisboa, Santo Antão era também muito popular; para distinguir os dois, houve uma contração, ou seja, uma diminuição de sílabas na palavra “Antônio”, e então Santo Antônio Abade (o nosso) ficou sendo carinhosamente conhecido por Santo Antão, enquanto o outro manteve o nome de Santo Antônio de Pádua ou Lisboa. Em todas as outras línguas, menos a portuguesa, o nosso Santo Antão ainda hoje é conhecido por Santo Antônio Abade.”
(citação do site: http://www.portalentretextos.com.br)
Nada mais natural para a atual forma de ver o mundo. Como ainda hoje se observa nos vilarejos: galeto assado em honra a São Francisco de Assis, o padroeiro dos animais. Mas nem todos os animais … Aliás, São Francisco de Assis embora simpatizante dos animais, não era vegetariano. E pouco fez por eles.Aí está bem claro a cisão mental e ética de se segmentar os animais por tipos, utilidades, tratando alguns com carinho, outros com crueldade e no fim das contas, usando todos como objetos. Pois mesmo sendo bem tratado, na cabeça das pessoas ele é um objeto, uma propriedade.
“Estou profundamente convicto de que uma civilização e uma sociedade que é contra a pena de morte para os homens, mas que segue matando todas as outras espécies para se alimentar, para vender seus chifres, seus dentes, sua pele, sua banha, seus hormônios etc, é uma civilização e uma sociedade, narcisista, chauvinista e hipócrita que, cedo ou tarde (mais cedo do que tarde), destroçará e comerá a si própria”. Ezio Flávio Bazzo em Toaletes e Guilhotinas