Com os olhos queimados e o focinho ainda em pele viva, Branquelo, um cachorro SRD, se recupera de um susto. Os machucados são do dia em que um avião explodiu ao tentar aterrissar no aeroporto de Ubatuba, litoral de São Paulo. Na hora do acidente, o SRD estava no meio da confusão.
Após quase duas semanas, funcionários de um parque de diversão que funciona próximo ao aeroporto se lembram de sentir o chão tremer na hora da queda.
“Parecia que carros tinham batido”, recorda William Antonio, 21, que trabalha em uma parque de diversões ao lado da pista do aeroporto local.
O avião de pequeno porte tentou pousar no Aeroporto Estadual de Ubatuba, ultrapassou a pista e explodiu na praia do Cruzeiro, no dia 9 de janeiro. O piloto da aeronave morreu, e os quatro passageiros, um casal e duas crianças, ficaram feridos.
Além de pessoas que ajudaram a retirar a família que sobreviveu ao acidente, no local do acidente estava Branquelo, que tinha sido adotado pelos trabalhadores do parque que vivem em a três quadras dali.
Em meio ao tumulto em torno do acidente, o cão voltou correndo atrás dos tutores e se escondeu no terreno onde vive. Foi só à noite que viram os ferimentos do cão, que ficou com os olhos e focinho queimados, em decorrência da queda da aeronave.
“Ele vivia solto, a gente vinha trabalhar, ele nos seguia e nos esperava para voltar para casa. Na hora que o avião caiu, ele tava passeando”, lembra William Antonio.
“Depois do acidente, ele veio correndo, passando pelo meio dos carros e correu para dentro. Achei que não tinha acontecido nada, que só tinha se assustado. Só voltei a vê-lo a noite.”
Quando o encontrou, Branquelo gemia de dor e foi quando notaram que o cachorrinho estava machucado, com os olhos, focinho e pelo queimado.
No dia seguinte, William Antonio levou o cachorro para o veterinário e, por lá, ele passou por diversos exames. “Eu expliquei que não tinha condições de arcar com um tratamento, mas queria salvar a visão dele”, diz.
Agora, Branquelo usa um cone para ajudar na recuperação. O cão ainda enxerga apenas em um olho. “Sabemos que as chamas atingiram a córnea dele. Ele estava com úlcera de córnea nos dois olhos. O olho direito cicatrizou, o esquerdo segue em tratamento”, explica a veterinária Alice Soares.
O tratamento teve um custo alto e, com a impossibilidade de William arcar com as despesas, Alice criou uma vaquinha online, que em poucos dias juntou R$ 6.000 para ajudar nas despesas como remédios e exames.
O valor, ela conta, ultrapassa o necessário para cobrir as despesas de Branquelo, por isso deve ser destinado para ajudar outra cachorrinha que vivia com ele. “Ela também precisava de cuidados, estava infestada de carrapato, precisava de consulta, exame de sangue, vacinas. Usamos parte deste dinheiro para ela também”, relata a veterinária, que presta contas do uso da verba na página do Instagram.
Agora, além do tratamento, Branquelo também vai poder ser castrado e receber vacinas. “Mas, tudo com um passo de cada vez para não piorar o quadro dele.”
Fonte: Folha de São Paulo