Um problema comum em quase todas as cidades – o abandono de animais pelas ruas – é minimizado pela ação permanente de instituições do Terceiro Setor, em Sorocaba. Apesar de contar com poucos recursos, a contribuição de voluntários permite ações de recolhimento, tratamento e campanhas de adoção por essas entidades. No entanto, mesmo com esse trabalho, apenas um de cada dez cães e gatos conseguem um lar na cidade, estimam as associações.
Em Sorocaba, oito entidades atuam pela proteção e respeito aos direitos animais. São instituições como a Associação Protetora dos Animais (Aspa), Centro de Apoio aos Protetores e Animais (Capa), Fundação Alexandra Schlumberger (FAS), Grupo de Amparo ao Melhor Amigo do Homem (Gamah), Movimento em Defesa dos Direitos dos Animais (MDDA), Adote Sorocaba, Sociedade Protetora dos Animais de Sorocaba (Spaso) e Associação Abrigo Temporário de Animais Necessitados (Aatan).
Apesar de contabilizarem centenas de cães e gatos em seus canis, representantes dessas instituições ressaltam que apenas reduzem o problema do abandono em Sorocaba. “Nós amenizamos o problema, porque quem pode resolver é o poder público. Fazemos um impacto médio na causa”, diz a presidente da Spaso, Rosmira Osmari Ribeiro.
As atividades dessas instituições abrangem por todos os aspectos do problema, explica Rosmira, começando no recolhimento de animais abandonados e com problemas de saúde, no tratamento dos problemas de saúde, no controle populacional e no processo de adoção. Outro ponto importante, ela afirma, é a conscientização. “É uma conscientização que tem de ser constante e a fiscalização da população. Precisamos que a população ajude a fiscalizar”, pede.
A cultura de abandono e de criar os cachorros e gatos soltos pelas ruas é um dos maiores problemas, reforça Rosmira. “Muitos animais são criados com o portão aberto e, com essa cultura, ele migra e se perde, fica pela cidade.”
O trabalho feito na Spaso, de acordo com ela, é de recolhimento de animais doentes e machucados que não possuam tutor. A partir disso, eles são tratados e colocados para adoção. “Não recolhemos animais saudáveis e com dono”, avisa Rosmira.
Adoção é pequena
Com 236 cães e 110 gatos abrigados, a Aatan consegue levar à adoção, em média, sete animais por mês. No último mês, considerado excepcional pela entidade, 11 animais conseguiram um lar e a expectativa é levar mais 15 à adoção neste final de semana, quando será promovida uma feirinha de adoção.
O grande problema, explica a responsável pela Aatan, Dirma Leite, chamada por seus voluntários de tia Dirma, é que muitos animais são mais velhos e tem problemas, o que não desperta o interesse de quem quer adotar. E estes são a maioria dos animais que chegam até a sede da entidade, quase sempre largados nas proximidades da sede por seus donos, ela conta.
A média de animais adotados, em face da quantidade que poderia conseguir um lar, é de um para cada dez animais, ilustra Rosmira, da Spaso. Nesta entidade, que possui em torno de 100 gatos e 50 cães, de 15 a 16 animais são adotados por mês.
A proporção é a mesma na Aspa. De acordo com o responsável pela instituição, Jessé Cubas Garcia, a média é semelhante. São 65 cachorros e 6 gatos dispostos, mas apenas quatro ou cinco conseguem novos tutores. “São adultos, poucas pessoas os querem, e, às vezes, depois de adotados, por algum motivo, os devolvem”, diz.
Sustento
Por não serem entidades de assistência social, existe maior dificuldade para essas entidades obterem recursos. A Spaso contava com recursos da Prefeitura de Sorocaba até o ano passado. No entanto, neste ano não obteve verba. Diante disso, tanto ela quanto as demais entidades precisam contar com doadores fiéis e o trabalho voluntários.
“Nosso recurso é baseado na clínica, onde cobramos consultas mais em conta para população de baixa renda, e dos sócios”, esclarece Rosmira.
A Aspa também necessita da contribuição de doadores, que são poucos, diz Jessé. “São poucos, porém não falham, mas o trabalho fica limitado”, ressalta.
O número maior de animais faz com que Dirma, da Aatan, busque por diversas possibilidades de recursos para cobrir os R$ 6 mil gastos em ração todos os meses. “A gente vive de bazar, voluntários arrecadam coisas usadas ou de fundo de loja e vendem. A gente vende camisetas.” Além disso, a entidade conta com a colaboração de um grupo de veterinários, que ajuda no atendimento aos animais e com a doação de medicamentos.
Fonte: Cruzeiro do Sul