O mexilhão do Texas é um elegante molusco cinza-esverdeado cujo lar é a bacia hidrográfica do Rio Grande, e seu habitat, que se estendia do sul do Novo México até as áridas fronteiras do Texas, é uma área que se sobrepõe a riscos de derramamento de petróleo e gás.
Um funcionário do departamento de interiores dos EUA, Vincent DeVito, foi acusado de adiar proteções federais fornecidas a espécies ameaçadas como o mexilhão. Vincent teria feito isso a pedidos de grupos petrolíferos.
DeVito é um advogado de energia de Boston e ex-co-presidente da campanha presidencial de Donald Trump em Massachusetts, e está vindo à tona como arquiteto de uma situação crítica.
O mexilhão do Texas deveria ser adicionado à listagem de espécies ameaçadas em junho de 2017, mas uma denúncia e investigação do The Guardian alarmaram que o funcionário do departamento de interior recebeu um e-mail pedindo que a listagem de espécies ameaçadas fosse adiada por seis meses, o que caracterizaria uma oposição da indústria de petróleo à proteção de espécies ameaçadas.
O e-mail foi enviado por Samantha McDonald, diretora de relações com o governo da IPAA (Associação Americana Independente de Petróleo).
E-mails resgatados na investigação comprovam que, em menos de 30 dias depois, em agosto, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem (FWS) dos EUA concedeu o atraso solicitado. “Em nome de meus membros, eu queria agradecer o atraso de 6 meses no mexilhão do Texas”, escreveu McDonald, acrescentando que foi “uma boa ligação”.
O comportamento inadequado de DeVito no processo de listagem levanta questões éticas e legais. O animal, se incluído na lista de espécies ameaçadas, teria sua importância exaltada e seriam proibidas ações que prejudicassem essa espécie.
Em 2016, por exemplo, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem (FWS) listou o lagostim da Grande Areia como ameaçado, o que significa que novas minas de carvão são obrigadas a consultar a FWS antes de iniciar projetos que possam ser prejudiciais ao animal listado.
“As decisões de listagem sob a Lei de Espécies Ameaçadas destinam-se a decisões inteiramente baseadas na ciência que resultam – em alguns casos – de anos de revisão por especialistas na área, não nomeados políticos”, diz Elizabeth Klein, vice-diretora do centro estadual de impacto ambiental e energético da Universidade de Nova York, para o The Guardian.
Pesquisas já comprovaram que a mineração é o maior fator que eliminou o mexilhão do Texas e grande parte de sua variedade.“Um atraso em si pode não ser o fim do mundo – mas, novamente, pode muito bem ser o fim para uma espécie em perigo”, comentou Klein.