Por David Arioch
Cerca de 400 milhões de toneladas de metais pesados, solventes, lama tóxica e outros dejetos de estabelecimentos industriais são despejados anualmente nas água do mundo. Além disso, fertilizantes nos ecossistemas costais já deixaram mais de 400 zonas oceânicas mortas, totalizando mais de 245 mil quilômetros quadrados – uma área maior que o Reino Unido.
A principal abordagem global para promover a segurança química é a Abordagem Estratégica Internacional de Gestão de Químicos, das Nações Unidas, adotada de maneira não vinculativa em 2006. Infelizmente, seu objetivo de boas práticas de gestão de químicos até 2020 não deve ser atingido e ações continuadas serão necessárias.
“O segundo Panorama de Químicos Global da ONU Meio Ambiente demonstra que as soluções existem, mas ações mais ambiciosas em todo mundo são urgentes para que possamos reduzir maiores danos para o planeta, a saúde humana e as economias”, disse Jacob Duer, diretor de químicos e saúde da ONU Meio Ambiente.
Químicos são parte integral de nossas vidas e estão presentes nos produtos que utilizamos em nosso cotidiano. No banheiro, por exemplo, o formaldeído integra o shampoo, as microesferas, as pastas de dente, os ftalatos, os esmaltes e os antimicrobianos os sabonetes, enquanto o armário de remédios contém um universo de fármacos sintéticos.
Na cozinha, um morango pode carregar vestígios de até 20 tipos diferentes de pesticidas. Sacos de lixo com cheiro e purificadores de ar contêm compostos orgânicos voláteis que podem causar náusea e dores de cabeça.
E a lista não para aí. O aumento dramático da variedade e número de químicos significa que é vital gerir seus ciclos e garantir que não acabem afetando negativamente a saúde humana e o meio ambiente.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1,6 milhão de pessoas foram expostas a químicos nocivos em 2016. Um estudo de 2015 estimou que o custo de déficits neuro comportamentais causados por químicos tóxicos é superior a 170 bilhões de dólares por ano, apenas levando em conta a União Europeia.
A poluição química também contribui para a mudança climática, destrói a Camada de Ozônio e ameaça nossos ecossistemas. A Suécia está promovendo compromissos internacionais ambiciosos em relação a químicos e resíduos a partir de 2020.
Em março de 2018, o governo sueco acolheu o segundo encontro do chamado processo Pós – 2020 e, em julho de 2018, a Suécia e o Uruguai lançaram a aliança de químicos e resíduos, formada por países e atores que desejam fazer mais para enfrentar este desafio.
“Nossa ambição é liderar uma agenda global para químicos e dejetos para 2020 em diante. A aliança altamente ambiciosa está aberta a todos que quiserem liderar este trabalho importante”, disse Isabella Lövin, ministra do Meio Ambiente e do Clima, e vice-primeira ministra da Suécia.
Com a população mundial se aproximando de oito bilhões, a boa gestão de químicos e resíduos é cada vez mais importante. Até 2025, as cidades do mundo produzirão 2,2 bilhões de toneladas de dejetos a cada ano, mais de três vezes a quantidade produzida em 2009. Em 2018, 48,5 milhões de toneladas de lixo eletrônico foram produzidos — uma quantidade que também deve crescer.
Um número limitado de químicos tem sido regulado a nível global, incluindo as convenções de Basel, Roterdã e Estocolmo; o Protocolo de Montreal; e a Convenção de Minamata.
Na opinião de Isabella, é necessária uma nova abordagem que elimine a maior parte dos químicos mais nocivos. Ela também pontua a importância de as pessoas receberem melhores informações sobre os químicos que estão nos produtos.
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