Os oceanos do mundo atingiram seus níveis mais quentes e ácidos em 2021, anunciou a Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada às Nações Unidas, em um relatório divulgado nesta quarta-feira (19).
Os oceanos registraram os extremos mais marcantes: a acidez neles é a mais alta em pelo menos 26 mil anos.
O mar reage conforme há mais dióxido de carbono na atmosfera – pois os corpos d’água absorvem cerca de 90% do calor acumulado da Terra e 23% das emissões de dióxido de carbono da atividade humana. Os níveis de dióxido de carbono e de metano que aquecem o clima na atmosfera em 2021 superaram os recordes anteriores.
O derretimento das camadas de gelo também ajudou a elevar o nível do mar a novas máximas em 2021: o nível do mar subiu 4,5 cm na última década, com o aumento anual de 2013 a 2021 mais que o dobro do que o de 1993 a 2002.
A OMM também listou ondas de calor extremas, incêndios florestais, inundações e outros desastres relacionados ao clima em todo o mundo, destacando relatos de mais de 100 bilhões de dólares em danos.
Ameaça a compromissos climáticos
Em análise do documento, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que a guerra na Ucrânia ameaça os compromissos climáticos globais.
“O sistema de energia global está quebrado e nos aproxima cada vez mais da catástrofe climática”, declarou Guterres.
O relatório segue a última avaliação climática da ONU, que alertou que a humanidade precisa reduzir drasticamente suas emissões de gases de efeito estufa ou enfrentar mudanças cada vez mais catastróficas no clima do mundo.
“Nosso clima está mudando diante de nossos olhos. O calor retido pelos gases de efeito estufa induzidos pelo homem aquecerá o planeta por muitas gerações”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em comunicado.
Na terça-feira (17), o índice global de ações MSCI alertou que o mundo enfrenta um aumento perigoso de gases de efeito estufa se o gás russo for substituído por carvão. Globalmente, a temperatura média no ano passado foi 1,11ºC acima da média pré-industrial.
“É apenas uma questão de tempo antes de vermos outro ano mais quente já registrado”, disse Taalas.
Taalas disse a repórteres que há pouca repercussão para os desafios climáticos, já que outras crises, como a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia, ganharam manchetes.
Selwin Hart, assessor especial do secretário-geral da ONU para ação climática, criticou os países que renegaram os compromissos climáticos devido ao conflito – que elevou os preços da energia e levou países europeus a buscarem substituir a Rússia como fornecedora de energia.
“Estamos vendo muitas escolhas sendo feitas por muitas das principais economias que, francamente, têm o potencial de garantir um futuro de alto carbono e poluição e colocarão nossos objetivos climáticos em risco”, disse Hart a repórteres.
Fonte: G1