Começa hoje (3) e vai até o próximo dia 5, em Puerto Madryn, na Argentina, um workshop para a elaboração do planejamento para os próximos cinco anos das ações de whalewatching (turismo de observação de baleias) da Comissão Baleeira Internacional (CIB). O Instituto Baleia Jubarte (IBJ), por meio de sua presidente, Márcia Engel, representa o governo brasileiro no evento que tem como temas principais a pesquisa, o manejo e o desenvolvimento do whalewatching no mundo.
A prática vem crescendo e se consolidando nas Américas do Sul e Central, assim como no Brasil. Segundo Márcia Engel, “é importante apoiar tecnicamente o crescimento desta atividade nos países africanos que, com exceção da África do Sul onde já é bastante desenvolvido, possuem muitas populações de baleias em suas águas e um enorme potencial para promover uma relação de respeito com os cetáceos e também como fonte geradora de renda para as comunidades locais.”
O Subcomitê de whalewatching da CIB foi criado contra a vontade dos países caçadores de baleias, principalmente do Japão, que argumenta que a Comissão não é o fórum adequado para esta discussão. Apesar da resistência, o Subcomitê vem crescendo já que a prática de observação de baleias é uma eficiente ferramenta de sensibilização da opinião pública, fortalece o movimento contra qualquer tipo de caça a estes animais e, funciona como uma alternativa econômica às comunidades.
Exemplo do êxito dessa iniciativa são as cidades de Puerto Madryn e Puerto Piramides (Argentina), que tem neste tipo de turismo sua principal fonte de renda, com número crescente de turistas a cada ano. As baleias franca migram para a região entre julho e novembro para reprodução e cria dos filhotes. Isto ocorre também no Sul do Brasil e já foi verificado, por meio da fotoidentificação, que muitos destes animais frequentam as duas regiões, em anos diferentes.
No Brasil, destaque para a temporada reprodutiva das baleias jubarte, a principal espécie avistada, que ocorre entre julho e novembro. Os principais pólos para observação de jubartes no País são Caravelas/Abrolhos, extremo sul baiano, e o litoral norte de Bahia. Em ambos, o IBJ monitora a prática do turismo de observação de baleias, além de desenvolver suas atividades de pesquisa, educação ambiental e fomento à conservação. Outros pontos para avistagem são Morro de São Paulo e Itacaré, também na Bahia. Cerca de nove mil baleias jubarte migram desde o Polo Sul para dar à luz e amamentar suas crias em águas brasileiras.
A prática de whalewatching acontece em noventa países, totalizando 12 milhões de turistas e movimentando mais de 1,5 bilhão de dólares anuais. Na América Latina, o turismo de avistamento de baleias, golfinhos e botos acontece em 18 países e cresce mais de 11% ao ano desde 1998 – o equivalente a três vezes a taxa de crescimento do turismo mundial e 4,7 vezes a taxa de aumento do turismo na própria região.
Quase 900 mil pessoas já participaram dos passeios na América Latina, gerando 79,5 milhões de dólares em gastos diretos (boletos) e 278 milhões de dólares em gastos totais por ano. Para 2010, estima-se que o número de observadores na região chegue a 1,4 milhão. Em 1998, eram 377 mil.
Fonte: O Globo