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RIO GRANDE DO NORTE

Obra em Ponta Negra pode causar morte de animais marinhos, alerta professor da UERN

30 de agosto de 2024
Daniele Lisboa
2 min. de leitura
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Foto: Pedro Trindade/Inter TV Cabugi

A obra de engorda da Praia de Ponta Negra, prevista para ser realizada até outubro de 2024 conforme a licença emitida pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), está gerando angústia entre especialistas em meio ambiente. Com o início da obra, as preocupações se acentuaram.

Para o biólogo e professor do Departamento de Turismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Flávio Lima, que é coordenador do Projeto Cetáceos da Costa Branca, a intervenção deve gerar uma série de consequências irreversíveis, como a morte de animais sendo tragados pela draga.

A engorda da praia envolve a remoção e realocação de sedimentos marinhos, um processo que pode causar impactos severos na vida aquática. Segundo o professor Flávio Lima, “A atividade de dragagem, que utiliza dragas para a sucção de areia, pode resultar na morte de animais marinhos ao serem tragados por esses equipamentos”. Ele ressalta que as dragas não apenas afetam diretamente os animais, mas também perturbam o equilíbrio do ecossistema marinho e terrestre.

Além dos riscos físicos diretos, Lima aponta que “o ruído gerado pela dragagem pode levar ao afastamento de espécies importantes da área, como tartarugas, peixe-boi e golfinhos”. A poluição acústica provocada pela obra altera as condições ambientais e pode desorientar e afastar esses animais da região.

Outro problema crítico é a movimentação de sedimentos, que afeta a cadeia alimentar marítima. “A retirada de sedimentos do fundo do mar remove recursos alimentares essenciais para várias espécies, desde micro-organismos até animais de maior porte”, explica Lima. Essa alteração pode forçar os animais a se deslocarem em busca de alimentos, prejudicando não apenas a saúde e a sustentabilidade da fauna marinha local, mas todo o seu entorno.

Contraposição às tendências globais

Para o docente, o direcionamento global parece estar sendo ignorado no caso da engorda de Ponta Negra. “A prática atual é evitar a intervenção em ambientes naturais e, ao contrário, permitir que os ecossistemas se recuperem e retornem às suas condições originais”, afirma. Ele observa que o projeto de engorda está em desacordo com esse sentido mundial de conservação e sustentabilidade.

O professor expressa preocupação com a falta de informações sobre as medidas mitigatórias que devem ser adotadas para reduzir os impactos ambientais. “Não tive acesso às medidas específicas que foram sendo planejadas, como monitoramento acústico para detectar a presença de animais marinhos ou a presença de biólogos a bordo das dragas”, afirma Lima. Ele defende que é essencial que a inclusão de mecanismos para minimizar os danos, já que a obra é irreversível.

Lima conclui que, diante dos riscos significativos para os animais marinhos, o acompanhamento da obra deveria ser feito com extrema cautela. “É imprescindível a adoção de medidas mitigatórias rigorosas para proteger os animais e reduzir os impactos negativos da dragagem”, reforça.

Fonte: Saiba Mais

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