Uma obra iniciada na última semana em Fortaleza, no Ceará, em um terreno de quase um hectare de extensão, está derrubando árvores, algumas delas centenárias, e colocando em risco a vida de animais. O local abriga pouco mais de 43 árvores frutíferas nativas, além de aves, mamíferos e répteis.
“A biodiversidade aqui é grande, considerando que é o único espaço verde da região”, afirmou a médica veterinária membro da União Internacional de Proteção Animal (UIPA/Secção do Ceará), Adriana Pinho, que defende os direitos animais e tem lutado contra a destruição da área, assim como as associações Deixa Viver e Defensores dos Animais.
Os ativistas acionaram a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza, que realizou vistoria no local e deu parecer favorável à obra por não ter visto animais no local durante a visita técnica. De acordo com Adriana, não foi realizado um plano prévio em relação aos animais. “Entramos imediatamente com pedido de suspensão da matança das árvores, até que fosse feito o plano para os animais. Fizeram o de vegetal, mas não fizeram de animal”, explicou.
A Polícia Militar Ambiental foi, então, acionada, e um inquérito foi aberto. A obra, no entanto, não foi suspensa e os responsáveis por ela alegam ter feito o manejo dos animais, levando-os para uma clínica. Ativistas lembram, no entanto, que não foram vistas grades ou gaiolas no local para a retirada dos animais e, por isso, levantam suspeitas sobre eles terem sido resgatados.
Uma ação também está sendo movida pela associação Viva Bicho junto ao Ministério Público (MP). Adriana, em parceria com um biólogo, fez um relatório sobre as ações que os dois presenciaram no local na manhã da última quinta-feira (20), quando as obras foram iniciadas. O documento foi anexado ao pedido feito ao MP de suspensão imediata do corte das árvores. No entanto, no último sábado (22), o promotor Kennedy Carvalho Bezerra negou a a solicitação. O caso foi, então, levado à Justiça, porém sem sucesso. Isso porque a juíza Ana Luiza Craveiro Barreira seguiu o parecer do promotor, negando a suspensão da obra.
Dentre as situações observadas por Adriana após o início da derrubada das árvores está a reação dos animais, que “estavam assustados com o barulho da motosserra”.
“É muito triste! Não tem outro local verde para onde esses animais possam se refugiar ou se abrigar. Saguis, pequenos mamíferos, todos os répteis e os ninhos, tudo perdido”, lamentou Adriana.