“Diga adeus aos grandes peixes dos oceanos, e diga oi para os pequenos”. Villy Christensen, professor da Universidade de Columbia, tem boas razões para dar um alerta tão grande.
Primeiro, as novidades boas. Ele afirma que ainda há muitos peixes no mar: existem cerca de dois bilhões de biomassa de peixes nos oceanos, o que gera cerca de 300 quilogramas de peixe por pessoa no planeta. E o que é melhor, esse número tem se mantido relativamente constante.
As más notícias? O balanço entre os tipos de peixes tem se alterado. Grandes peixes dos oceanos têm experimentado um declínio de 55% nos últimos 40 anos. No lugar deles, estão os pequenos.
Christensen explica que os peixes que sobraram são aqueles que os humanos não estão interessados em comer ou pescar. “Metade dos peixes do mundo são pequenos, estão em oceano aberto e não são aproveitáveis”.
O Nereus olha para o futuro
O programa Nereus, o qual Christensen é diretor, já tem nove anos e mais de R$ 22 milhões em investimentos para modelar e entender as mudanças globais nos oceanos, como essa dos peixes. Na mitologia grega, Nereu era o filho mais velho de Pontus (o mar) e Gaia (a Terra), e era o deus do mar com o poder das profecias.
O programa tem como base para suas previsões complexos dados e modelos que incluem clima, cadeia alimentar e pesca, além de modelos para biogeografia e política.
Ao invés de apresentar os dados em planilhas, os cientistas fizeram parcerias com criadores de jogos para montar modelos virtuais 3D do futuro dos impactos climáticos nos oceanos. O estudo cobre 100 anos, entre 1960 e 2060.
Alguns vencedores são perdedores
Para alguns pescadores dos mares do norte, as mudanças climáticas parecem ser uma vitória: com o aquecimento das águas, os peixes migraram para o norte, o que se transforma em pescas melhores. Mas William Cheung, da Universidade de Columbia, afirma que isso não vai continuar assim.
As águas do norte conseguem absorver e manter mais gases, particularmente o dióxido de carbono, que está crescendo muito na atmosfera terrestre. O aumento desse gás torna a água mais ácida, e por isso essa região do planeta está ficando ácida mais rápido do que as outras, o que torna difícil o crescimento dos peixes.
Cheung desenvolveu um modelo global que inclui mais de 600 espécies de peixes e invertebrados, para investigar os impactos combinados de diferentes ações humanas. Apenas com o aquecimento, os pescados do norte aumentam a pesca em 30%. Mas com a acidificação, eles acabam perdendo mais do que ganham.
“Apesar de não ser uma bola de cristal, esses modelos são ferramentas importantes para cenários em desenvolvimento”, afirma Cheung.
Fonte: Hype Science