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O sofrimento dos animais que são confinados em zoológicos e aquários

7 de agosto de 2009
6 min. de leitura
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Por Adriane R. de O. Grey (da Redação-Austrália)

O conceito infelizmente preponderante de que animais nasceram para servir aos seres humanos e, por extensão, se constituem em sua propriedade é efetivamente abalado cada vez que morre um animal cativo pela falta das condições mínimas tão fartamente providas pelo seu habitat natural e jamais preenchidas pelo cárcere privado.

Poucas pessoas devem ter ouvido falar sobre os golfinhos que morreram no Sea World Discovery Cove num período menor do que 3 semanas. O parque temático, que faz um grande estardalhaço quando há nascimento destes mamíferos, silenciou sobre a morte dos golfinhos Dixie, Scarlet e seus bebês.

(Foto: Peta Arquivos)
(Foto: Peta Arquivos)

Um informante relatou ao PETA que Dixie, usada na atração “Nade com os Golfinhos” do Discovery Cove deu a luz a um bebê que nasceu morto no dia 9 de julho. Mesmo sabendo que a data do nascimento seria iminente, o parque não proveu um veterinário para o parto e tampouco para o acompanhamento do animal no período pós-parto.

Outro incidente similar ocorreu por volta dos dias 15 ou 16 de junho. Scarlet, usada na mesma atração que Dixie, entrou em trabalho de parto, mas jamais deu à luz. O veterinário que a acompanhou não conseguiu puxar o bebê para fora do ventre da mãe, que expeliu apenas sangue. Ainda assim, e com evidências de que o bebê teria morrido no útero, Scarlet foi simplesmente deixada em um tanque nos fundos do parque sem acompanhamento e morreu no dia 21 do mesmo mês. A necrópsia revelou que seu útero rompeu e o feto foi liberado em sua cavidade abdominal.

O PETA requeriu ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA – United States Department of Agriculture) que investigasse a morte de Dixie e de Scarlet e, se determinada a responsabilidade do Sea World, que punisse o parque adequadamente. Os parques temáticos devem prover aos golfinhos cativos cuidado pré-natal adequado e uso de analgésicos, quando necessário.

Dois golfinhos e seus dois bebês mortos em três semanas caracterizam uma alta taxa de mortalidade e o fato de não ter havido acompanhamento veterinário adequado nas duas ocasiões é absolutamente inadmissível. A morte dos dois bebês leva ainda a crer na ausência de cuidado pré-natal apropriado.

Evidentemente, golfinhos também morrem na natureza e ninguém pode ser responsabilizado por isso. No entanto, um parque que se autointitula e promove como criadouro destes mamíferos marinhos deveria ser bem mais criterioso no tratamento dos seus animais.

Golfinhos são animais extremamente inteligentes, de natureza complexa e altamente sociais. No seu habitat, nadam em grupos familiares e viajam até 160 km por dia. Os parques marinhos mantêm-nos em pequenos tanques de concreto, drasticamente diferentes dos oceanos para os quais nasceram e herdaram suas características genéticas. Nem o entretenimento humano, nem aquilo que os parques temáticos gostam de chamar de “educação” ou “pesquisa” devem ou podem justificar a captura, o confinamento, o treinamento, a reprodução em cativeiro e exploração comercial destes animais.

O cativeiro de golfinhos tornou-se, infelizmente, uma indústria de bilhões de dólares que beneficia os parques temáticos, não os animais marinhos. Para saber mais sobre parques temáticos marinhos, incluindo o Discovery Cove, e descobrir o que você pode fazer para ajudar os animais, acesse www.DolphinProject.org.

No mesmo período em que Dixie e Scarlet eram vítimas de negligência, no outro lado do mundo, no Zoológico de Manila, nas Filipinas, morria o orangotango fêmea Sisi, encerrando 28 anos de vida de profundas privações. O PETA Asia Pacific enviou ao zoo uma coroa de flores com a inscrição “Sisi, sofreu em vida, paz na morte”, acompanhada de um cartão requerindo o fechamento do zoológico a seus responsáveis.

Ameaçados de extinção, os orangotangos são animais extremamente inteligentes que dividem com o homem 97% de seus genes. Proficientes com instrumentos, são capazes de construir ninhos elaborados a cada noite. Na natureza, vivem balançando-se e subindos nas árvores das florestas tropicais. Organizados em uma estrutura social complexa, os filhotes vivem e viajam com suas mães e têm com elas um contato físico constante, agarrando-se em suas costas ou passando longas horas penteando-se mutuamente.

Retirada das selvas de Borneo quando era ainda bebê, Sisi não pode satisfazer suas necessidades mais básicas no Zoológico de Manila. Desde 1981 vivia encarcerada em uma cela de cimento e aço, com menos de 40 m2, cheia de lixo jogado pelos “visitantes”, além da comida podre que lhe era servida e que ficava frequentemente coberta de moscas. Seu pote de água estava sempre imundo e também cheio de lixo. Embora os orangotangos tenham uma natureza mais avessa ao contato humano, Sisi ficava constantemente exposta ao público e sua jaula era cercada por barraquinhas barulhentas, vendendo souvenirs ou comida. Nunca o zoológico lhe proveu qualquer coisa que lhe despertasse o interesse, que lhe ajudasse a passar o tempo ou que estimulasse seus sentidos inteligentes. E, apesar de os orangotangos serem animais que vivem nas árvores, Sisi passou sua vida no chão ou pendurada nas grades de sua prisão.

(Foto: Reprodução/Nature Alert)
(Foto: Reprodução/Nature Alert)

Durante os 28 anos que Sisi esteve no Zoológico de Manila, os visitantes não aprenderam absolutamente nada sobre o comportamento dos orangotangos ou sobre o quão próxima esta espécie está da extinção. Nenhuma destas informações estava disponível ao público, exposta no exterior de sua jaula.

O Zoológico de Manila sofre de escassez de recursos que se reflete no cuidado com os animais. Sisi morreu de câncer. Outros animais têm sua saúde deteriorada, como avestruzes sem penas e um avestruz com abscesso no olho sem tratamento evidente, além de coelhos que morreram de hipertermia por exposição excessiva ao calor. Devido ao seu isolamento e condição de saúde, o elefante Mali é outra preocupação dos protetores de animais, que pedem ao zoológico seu deslocamento imediato para um santuário. Muitos animais no Zoológico de Manila apresentam comportamento neurótico, andando em círculos ou balançando-se de um lado para o outro.

O prefeito de Manila, Alfredo Lim, anunciou recentemente planos de adquirir mais animais para o zoo. O PETA Asia-Pacific juntou-se a outras organizações de proteção animal para encaminhar uma petição exigindo que Alfredo Lim abandone seus planos e pedindo que o zoológico feche suas portas para bem dos animais que lá ainda vivem. Maiores informações no site: PETAAsiaPacific.com.

Mesmo os maiores zoológicos falham em prover o espaço, a possibilidade de exercício, a privacidade e o estímulo mental de que os animais precisam para viver com qualidade e, na verdade, eles se esforçam muito pouco para atingir estas metas e para satisfazer outras necessidades mais complexas da natureza dos animais. Em seu habitat, muitos animais vivem todas suas vidas na companhia de suas famílias. Nos zoológicos, são separados delas quando ainda bebês e sentenciados a vidas tediosas, em que predominam a solidão e o abuso.

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