O negacionismo pode ser definido como uma recusa em aceitar a validade de fatos comprovados cientificamente, ainda que sejam apresentadas evidências concretas sobre ele. É como explica um artigo dedicado ao tema publicado no site do Instituto Butantan – centro brasileiro de pesquisa em biologia e biomedicina do estado de São Paulo –, uma referência em investigação científica.
Esse termo abrange diversas áreas de estudo, entre elas a história, de onde credita-se o surgimento do conceito. “O termo se popularizou no final da década de 1980, depois que o historiador francês Henry Rousso passou a usá-lo para se referir a grupos e indivíduos que negavam a existência das câmaras de gás e o extermínio em massa de judeus pelo regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial”, explica o Butantan.
Como o negacionismo vai contra fatos provados, o ato de rechaçar a realidade impacta na evolução do conhecimento, completa a fonte governamental.
Já o negacionismo climático, especificamente, é conceituado como “a manifestação contrária ao fenômeno do aquecimento global provocado pelo aumento das emissões antrópicas“, como detalha um artigo publicado pela Fundação Instituto de Administração (FIA), entidade privada sem fins lucrativos ligada à Universidade de São Paulo.
O negacionismo climático atrapalha uma maior compreensão da conscientização ambiental e das mudanças de consumo e comportamento necessárias para melhorar o relacionamento dos seres humanos com a natureza.
Existe consenso sobre a crise climática na ciência, mas isso não impede o negacionismo
De acordo com a Sociedade Australiana de Psicologia (APS), “embora a maioria das pessoas afirme estar preocupada com o clima, também é verdade que um grande número delas evita, minimiza, desliga ou se distancia do envolvimento efetivo com os problemas”.
Segundo a mesma fonte, a maioria dos cientistas climáticos (cerca de 97%) concorda entre si que a mudança climática é causada pelo comportamento humano. Mesmo assim, existe uma certa “lacuna de consenso” neste assunto, e essa diferença de percepção sobre o grau de concordância entre os cientistas é o que reforça o negacionismo climático entre as pessoas.
Estudos sobre as percepções da mudança climática feitos na Austrália, no Reino Unido e nos Estados Unidos mostraram, por exemplo, que varia entre 5 a 8% da população o número de pessoas que contestam as alterações no clima do planeta, segundo a APS. Já no Brasil, a parcela de negacionistas da população é de 15%, diz uma pesquisa do Datafolha realizada em julho de 2019. Esse número de pessoas que não acredita no aquecimento global e na sobrecarga da Terra, por exemplo.
Como a consciência ambiental ajuda a combater o negacionismo climático
Já faz décadas que os cientistas dos mais variados campos de estudo alertam para o aquecimento global e seus impactos no clima, explicando como comunidades de todo o mundo enfrentarão “riscos cada vez maiores devido a níveis sem precedentes de inundações, incêndios florestais, estresse térmico, aumento do nível do mar e muito mais”, conta um artigo sobre o tema da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
Embora as comprovações sejam sólidas – “inclusive mostrando que os desastres naturais relacionados ao clima e induzidos pelas pessoas estão aumentando em frequência e intensidade mais cedo do que o previsto originalmente” –, diz a fonte, existe uma lacuna de entendimento a qual é usada por essa pequena parcela da população mundial para rechaçar os avanços da ciência e gerar confusão acerca do assunto.
Sobre esse tema, a entidade australiana completa dizendo que “uma das maneiras de lidar com essa lacuna é aumentar a conscientização sobre o consenso científico em relação às mudanças climáticas“, diz.
“A importância disso não pode ser subestimada – pesquisas mostram que as pessoas têm maior probabilidade de apoiar ações políticas para reduzir as emissões de dióxido de carbono se estiverem cientes do consenso esmagador entre os especialistas de que estamos causando o aquecimento global“, defende a fonte.
Fonte: National Geographic Brasil