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O novo Código Florestal e as nossas diferenças

3 de junho de 2011
3 min. de leitura
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Essa coisa de estender os conceitos para visões amplas é muito bonito, e de fato é um ideal para muitas áreas da ciência. Mas vejo que, na prática, quando se amplia muito uma ideia, as distorções também se ampliam.

Ou seja, a ideia de “proteger” o meio ambiente como um todo não leva em conta afinal o sofrimento e a exploração, pois na ideia de proteger ainda está inclusa a ideia de coisificar.

Há muitas críticas em relação a que os animalistas priorizam o indivíduo em detrimento do ambiente. Mas o fato é que mesmo os que cristalizam o “ambiente” (lá na floresta amazônica, lá no cerrado, mas não aqui na cidade) acima de tudo, são os mesmos que exploram os animais e danificam a curto e longo prazo todos os ambientes, sejam eles urbanos ou não.

Assim, distorcidamente, pessoas que se autointitulam defensoras dos animais ou ambientalistas são as mesmas que defendem a caça e caçam mesmo em locais próximo a centros urbanos. Ou seja, argumentam que querem estar “perto da natureza”, mas estão na verdade vivendo uma vida de mentira, são os urbanos querendo brincar de índio.

Quando conversei com um caçador que fazia exposição na feira da biodiversidade de Porto Alegre, ele afirmou sem nenhum pudor ser caçador (mesmo sabendo que a caça é proibida aqui no RS) e veio com uma curta história de que caça para comer, só que onde ele mora tem supermercado, tem terras para plantar. Ele caça porque quer apenas. E ainda caça numa região considerada área de preservação permanente. Fazia exposição de sementes dessa mesma área, mas não se dá conta de que mata os animais que espalhariam as sementes, ou que manteriam aquele ambiente equilibrado.

Hipocrisias mil, querem unificar tudo, paz e amor, gritam. Mas no fundo, querem manter confortavelmente o seu estilo de vida baseado como todo o resto da população na exploração de muitos animais. Mas ao mesmo tempo querem ser salvadores do meio ambiente, sensatos e por aí vai.

Os animalistas defendem a natureza, mas entendem que os animais são entidades como nós somos (humanos são animais) e merecem respeito acima de tudo. Não pensamos no ambiente como uma entidade isolada e mais importante que tudo, pois de fato não é.

Nós que pensamos nos animais também pensamos no ambiente, mas ele vem depois. Até porque, biologicamente, o ambiente e a própria natureza se regeneram, a biodiversidade é uma consequência do tempo e das mudanças ocorridas naturalmente nos ambientes ao longo de milhões de anos.

Mas a dor e o sofrimento não estão contabilizados em lugar algum. Nós sabemos muito bem o que é. E, mesmo não havendo dor, há a exploração e não temos esse direito.

Para os que acham que temos sim direito de explorar a natureza, os animais, as pessoas, sugiro que analisem as respostas da natureza à nossa tirania: excesso de população, poluição de todos os lados, esgotamento total de todos os recursos. Não me parece algo “sensato” o que está acontecendo, embora o ser humano faça parte da natureza.

Com a aprovação do Novo Ccódigo Florestal, os ambientalistas e todos nós criticamos muito o agronegócio. Mas, diferente deles, nós não apoiamos nenhum tipo de negócio que explore os animais, até porque o “pequeno camponês” de hoje será o grande pecuarista de amanhã.

Não adianta criticar a Coca-Cola e tomar cerveja, fumar. Nem criticar o agronegócio e seguir apoiando a exploração, romantizando os pequenos exploradores que, como todos, querem ser grandes.

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