No dia em que o cavaleiro tauromáquico João Moura enfrenta o início do julgamento no Tribunal de Portalegre, enfrentando acusações do Ministério Público (MP) por 18 crimes de maus-tratos a animais de companhia, trazemos à tona a grande reportagem publicada pela VISÃO em maio de 2016, que revela um lado sombrio por trás das corridas de galgos, envolvendo choques elétricos, dopagem e um severo desgaste.
Para o empresário João Fernandes, a adoção de um galgo chamado Tomé se tornou uma luta pela vida. Tomé foi encontrado em condições desoladoras por ativistas em defesa dos direitos animais, e o antigo tutor negligente esqueceu de retirar seu microchip, o que facilitou a identificação e posterior adoção. A batalha legal que se seguiu revelou a determinação de João Fernandes em proteger o animal do destino cruel que o aguardava. Após meses de resistência do antigo tutor, os documentos de Tomé foram finalmente entregues.
Atualmente, na moradia de João Fernandes em Oeiras, Tomé, agora sociável e feliz, recebe visitantes com entusiasmo. No entanto, sua jornada para se tornar um cão dócil e confiante levou meses de cuidado e paciência.
A reportagem também expõe os métodos brutais de treinamento de galgos, incluindo o uso de noras mecânicas com chapas metálicas eletrificadas, que causam choques nos cães que não conseguem acompanhar o ritmo. Além disso, destaca-se a tendência de segmentar as noras com redes inflexíveis e o uso de coleiras eletrificadas controladas remotamente. Essas práticas visam aumentar o desempenho dos galgos nas corridas, mas também levantam preocupações sobre o bem-estar dos animais.
O cavaleiro tauromáquico João Moura, conhecido como um proeminente criador de galgos em Portugal, foi mencionado na matéria devido ao seu envolvimento nas corridas. A competição e o valor financeiro associado a esses cães são destacados, com galgos importados da Irlanda e Espanha alcançando preços significativos. No entanto, a reportagem também menciona os riscos à saúde desses animais devido ao treinamento rigoroso e ao uso de substâncias como esteroides anabolizantes, cocaína e cafeína.
A matéria destaca as preocupações crescentes com o tratamento dos galgos, tanto em Portugal quanto em outros países, e enfatiza a necessidade de regulamentações mais rigorosas e conscientização sobre o bem-estar dos animais. O deputado do PAN, André Silva, chama a atenção para a falta de legislação que aborde especificamente as corridas de galgos e exige um quadro legal que abranja essas práticas. A reportagem também destaca a importância da fiscalização da exportação/importação de galgos, dada a suspeita de transporte ilegal e documentação inadequada.
Em última análise, a reportagem traz à luz a complexidade do problema e a necessidade de ação para proteger os galgos e garantir seu bem-estar, enquanto questiona se essas corridas devem ser consideradas entretenimento ou um crime contra os animais.