Os coalas, apesar de acarinhados em todo o mundo pela sua constituição robusta e disposição preguiçosa, são um símbolo identitário da Austrália. Só no estado de Victoria, em 2020, contabilizavam-se 413.000 destes mamíferos. No entanto, algo parece estar a ameaçar o habitat natural da espécie: em menos de um mês, foram encontrados 16 cadáveres numa plantação de árvores da região.
Os primeiros 13 corpos foram descobertos no dia 14 de junho, pelo operador da plantação. Desde então, foram encontrados mais três numa área não explorada do mesmo local. As mortes parecem ter ocorrido em diferentes circunstâncias, uma vez que todos os cadáveres apresentavam variadas fases de decomposição, desde duas semanas a um ano.
Perante a alarmante descoberta, o responsável pela conservação de Victoria iniciou de imediato uma investigação. Os resultados das autópsias revelam-se, porém, inconclusivos: as radiografias não evidenciam sinais de trauma, como fraturas ou ossos partidos, sendo também inexistentes ferimentos de bala.
“Estamos seguindo todas as vias de investigação para determinar o que pode ter acontecido a estes coalas”, assegura o diretor de operações regulamentares, Ash Bunce, num comunicado citado pelo The Guardian.
Os investigadores continuam a ponderar as possíveis causas de óbito, mas os resultados patológicos e a ausência de sinais de trauma sugerem uma explicação: “fatores ambientais“.
Os marsupiais estão protegidos pela Lei da Vida Selvagem de Victoria, o assassinato deliberado e intencional de coalas na região acarreta penalizações como multas no valor de 9.246 dólares americanos (cerca de 48 mil reais) e seis meses de prisão.
Porém, a ação humana (ainda que indireta) continua a ameaçar a proteção e a conservação da espécie. Um relatório de 2020 do Departamento do Ambiente, Território, Água e Planeamento (DELWP) veio revelar que 15.000 coalas, isto é, 4% da população total do estado de Victoria, tinham sido afetados pelos fogos de dimensão catastrófica na Austrália.
Os incêndios florestais, ondas de calor e desflorestação do habitat (motivada, principalmente, por fatores económicos como exploração mineira e expansão urbana) têm vindo a ameaçar, de forma cada vez mais expressiva, as florestas de eucalipto onde estes animais residem. Os fenômenos de aquecimento global e devastação florestal, bem como uma bactéria sexualmente transmissível, que se alastrou pelas populações de coalas de toda a Austrália e resultou na infertilidade ou até morte de alguns dos animais afetados, ditaram que a espécie, anteriormente classificada como “vulnerável”, ascendesse ao estatuto de “ameaçada” em alguns estados australianos.
Na Austrália do Sul e em Victoria, onde ocorreram estas misteriosas mortes, os coalas ainda não são considerados uma espécie em perigo de extinção.
Fonte: CNN Portugal