Os meios de comunicação devem ter compromisso com a informação, com a formação e com o desenvolvimento social de boa qualidade, afinal é a sociedade que, em última análise, lhes fornece a concessão para a exploração dos mais diversos tipos de mídia.
Recentemente assisti a um verdadeiro contraexemplo do que se espera da mídia. Confesso que não vi o programa televisivo inteiro, mas a amostra foi o suficiente para tirar esta conclusão.
O programa em questão, veiculado em horário nobre, abordava a relação dos seres humanos com seus animais, com seus gatos, cachorros e até com um ganso. Até aí, nada de relevante, mas, de repente, os animaizinhos de estimação mostrados passaram a ser animais silvestres: um papagaio e um macaco.
Ora, animais selvagens não são pets, não podem ser tratados como animais domésticos. Mais: a legislação brasileira, acertadamente, proíbe que se retirem algumas espécies destes animais de seu ambiente natural, e infelizmente permite que outras sejam livremente comercializadas.
Quando uma emissora de TV mostra, de forma emocional, a boa relação de uma pessoa e sua família com um animal destes – retirado de seu habitat natural – comprado pelo seu atual tutor, manda um recado subliminar: façam assim, é legal! Comprem macacos, papagaios, jaguatiricas, araras…
Pouco importa a alegação de que os animais silvestres apresentados teriam autorização do Ibama. Enfocamos, aqui, a mensagem transmitida com estas ações.
Lamentável!
Nosso recado: quando você compra um animal silvestre está contribuindo para com o crime, para com o tráfico de animais.
Aliás, se você quer um animal doméstico, não compre, adote um entre tantos cães e gatos que perambulam famintos e carentes pelas ruas de nossa cidade.