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O macaquinho do Congo e os bezerros do mundo

26 de novembro de 2008
2 min. de leitura
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Uma mãe chimpanzé é assassinada para servir de alimento aos soldados que estão em guerra no Congo. Seu filhote é levado pelo assassino que pretende vendê-lo. Na foto que ilustra a notícia, o bebê chimpanzé aparece no colo de quem matou a sua mãe. Em uma mão um filhote, na outra uma arma. Triste?
Eu fiquei horrorizada, com imensa vontade de chorar e a sensação de impotência, de mãos atadas, mas em seguida a pergunta que me veio à cabeça foi: e os bezerros?
Todos os dias milhares de bezerros ficam órfãos, viram vitela – o famoso baby beef – e não aparecem em notinhas de blogs encabeçados por revistas de grande repercussão. Todos os dias, milhares e milhares de vacas sofrem em processos dolorosos de inseminação artificial para se manterem ininterruptamente prenhas e terem seus filhotes levados ao confinamento, mas esse sofrimento é tido como uma necessidade para suprir hábitos alimentares arraigados à cultura.
Todos os animais torturados em testes, vivissecção, fazendas e matadouros também têm uma mãe.
Quando decidimos amar algumas espécies e desprezar outras, praticamos o especismo. Em uma guerra, onde a vida já é tão banalizada, o macaquinho do Congo sofre tanto quanto os outros animais, mas ganha mais destaque na mídia aqui, no Brasil, onde comer macaco não é um hábito. Se no lugar do macaco estivesse um bezerro, com certeza a situação não resultaria em uma foto estampada no site da revista Época.
Levantar a bandeira para a discussão sobre o especismo que praticamos é levantar as bandeiras da reflexão, do amor e da paz. Tenho certeza que muitas pessoas praticam o especismo sem se darem conta de que o fazem. E aí entram os meios de comunicação.
Quando estava na faculdade, um professor, jornalista bem sucedido, contou que trabalhou em um grande jornal e foi proibido de escrever matérias cujas informações não fossem favoráveis à pecuária, já que o dono do jornal é também um grande pecuarista. Seja pelo dono ou por lobby, muitos veículos de comunicação seguem essa mesma linha editorial e a informação deixa de ser disseminada. E não é apenas a pecuária, mas diversos outros assuntos que envolvem a verdade cruel de domínio e uso de vidas animais.
Por isso, a ANDA ganhou esta coluna batizada de “Faltou falar”: um observatório de imprensa para dar voz aos animais com o intuito de informar, debater, complementar e, quando for o caso, parabenizar por notícias, artigos e opiniões que circulam em todos os meios de comunicação.

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