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O fascínio por gatos

28 de julho de 2013
7 min. de leitura
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Por Fátima Chuecco (da Redação)

Quem ama gatos sabe que se trata de uma paixão imensurável.  E quem “ainda” não ama basta passar uma temporada vivendo com alguns deles para ter seu coração sequestrado sem direito a resgate. Embora todo animal tenha sua própria beleza e alguns se pareçam com verdadeiras obras de arte esculpidas pela natureza, os gatos parecem carregar um “plus”, algo que não pode ser explicado, mas apreciado a cada momento ao lado deles. Além disso, a personalidade, a sensibilidade e o carinho dos gatos conquistam muitos escritores e pintores, provando que são também criaturas extremamente inspiradoras.

Obra de Aldemir Martins
Obra de Aldemir Martins

Uma lista interminável de artistas, de todas as gerações, conviveu com esses adoráveis felinos e deixou sua paixão estampada em diversas obras, algumas com valor incalculável. Quem não conhece o trabalho de Romero Brito ou Aldemir Martins tão recheado de coloridos gatos? Picasso, Frida Kahlo, Matisse, Salvador Dali, Andy Warhol e o sinistro Edward Gorey… todos amavam gatos e costumavam ter mais de um.  A artista plástica Vicky Von Dorff é conhecida por seu amor aos bichanos. Ela tem nove gatos e seu trabalho, que já esteve em exposições na Europa e hoje é produzido num ateliê em SP, é todo inspirado em felinos. Vicky doa, com frequência, seus quadros para ONGs e protetoras independentes que resgatam gatos de rua a fim de contribuir para com arrecadações necessárias para salvar e manter os animais.

Obra de Vicky Von Dorff
Obra de Vicky Von Dorff
Obra de Vicky Von Dorff
Obra de Vicky Von Dorff
Obra de Romero Brito
Obra de Romero Brito
Picasso
Picasso
Edward Gorey
Edward Gorey

Adentrando para a literatura, basta citar Ernest Hemingway que, em sua casa na ilha norte-americana de Key West, chegou a ter 50 gatos ao mesmo tempo. Aliás, uma curiosidade é que há pelo menos 40 gatos com seis dedos vivendo na casa do escritor transformada em museu.  São descendentes de um gato chamado Snowball que o Hemingway ganhou de um capitão de navio de Boston.  O gato era portador de polidactilia (mutação genética que faz nascer dedos a mais) e cruzou livremente na ilha dando início a toda uma geração de gatos com tal anomalia.  Isso não impede uma vida normal e os gatos são atração turística do lugar. Possuem suas próprias casinhas nos fundos do museu. No Brasil temos Ferreira Gullar, Guimarães Rosa e Lygia Fagundes Teles como alguns dos autores que amantes de gatos.

Descendente de gato do Hemingway
Descendente de gato do Hemingway
Obra de Aldemir Martins
Obra de Aldemir Martins
Guimarães Rosa
Guimarães Rosa

O escritor visionário Aldous Huxley e o aclamado Mark Twain também foram apaixonados por gatos. Charles Dickens escreveu: “Qual maior presente pode haver do que o amor de um gato?”. E Charles Bukowski não deixou por menos em seu poema chamado Estilo: “Já vi cães com mais estilo que homens. Todavia, poucos cães têm estilo. Os gatos têm-no em abundância”.  William Burroughs escreveu um romance autobiográfico, chamado The Cat Inside (O Gato Interior), sobre os gatos que teve. Seu último texto se referia ao amor puro que tinha por seus quatro gatos: “A única coisa que pode resolver conflitos é amor, como o que eu senti por Fletch e Ruski, Spooner,e Calico. Amor puro. O que eu sinto pelos meus gatos no presente e no passado. Amor? O que é isso? O analgésico natural mais potente que existe. AMOR.”

Burroughs
Burroughs

SOS Gateiras

Se a paixão por gatos é tão inexplicavelmente forte e profunda, que dirá o sentimento de vê-los sendo maltratados, feridos, doentes ou passando fome nas ruas. Quem ama gato dificilmente desvia o olhar ao se deparar com uma cena dessas. É assim que algumas pessoas começam socorrendo um ou dois gatos, mas ao longo dos anos já estão com mais de 50 deles.  Existem casos de compulsão, mas também existem outros de pessoas que simplesmente são vítimas de uma vizinhança que vê nelas a solução para se livrar de um problema: uma gata grávida, uma cria indesejada, um gato idoso e doente, outro atropelado ou espancado.

Casa de gateira é sempre alvo de pessoas que querem se livrar de um gato e, se não houver uma conduta de vigilância ou outro meio de evitar a “desova” com câmeras, por exemplo, as gateiras terminam numa situação muito difícil, já que não há gatis nas cidades que possam abrigar todos os animais descartados ou de rua. Assim começou a história de Rosemary Martines, de SP. Ela alimentava gatos de uma praça até que um dia encontrou a maioria envenenada. Um ou outro conseguiu salvar e levou para casa. E daí foram chegando outros, geralmente, largados em sua porta. Hoje ela tem 84 e muita dificuldade para mantê-los.  Recentemente, uma gatinha apareceu em sua rua com miado estridente. Trazia um filhote na boca. Ambos estavam feridos. Era como se a gatinha soubesse que Rosemary a socorreria. E acertou. Batizados de Vitória e Artur, os dois permanecem sob seus cuidados, assim como a gatinha Valentina, miudinha e que teve um olho arrancado (veja fotos).

Valentina, a gatinha de Rosemary que perdeu o olho
Valentina, a gatinha de Rosemary que perdeu o olho
Vitoria e Artur, gatos resgatados por Rosemary
Vitoria e Artur, gatos resgatados por Rosemary

Lana Faccioli, de Santos (SP), sempre teve paixão especial por gatos e também acabou socorrendo alguns deles além da conta. Ela sustenta a família felina (44 bichanos) com seu trabalho de taróloga e, ultimamente, tem até trocado as leituras do tarô por ração. Como outras gateiras, não mede esforços para cuidar de gatos que chegam as suas mãos em péssimas condições, muitas vezes precisando de cirurgias e tratamentos caros.

Gato da Lana
Gato da Lana

Giane Farias, recentemente, comoveu muita gente com sua história mostrada na TV de Foz de Iguaçu, na Anda e compartilhada no facebook. A jovem diagnosticada com câncer, não se vê em condições de deixar de cuidar dos animais que tirou das ruas, entre eles cem gatos, para cuidar de si mesma.  No caso de Giane, além das rações e medicamentos para os bichos, são necessários também voluntários que se comprometam a cuidar do abrigo para que ela possa fazer quimioterapia.

Gatos da Giane
Gatos da Giane

A jornalista Neusa Freitas Vieira, do Paraná, tinha 18 gatos quando resolveu deixar SP e ir viver em paz em uma pequena cidade que mal vemos no mapa. Mas se enganou. Cercou a casa toda, manteve seus animais castrados e saudáveis, mas a vizinhança logo começou a largar mais gatos na sua porta e ainda a denunciou à prefeitura por ter tantos animais. Hoje tem 82 gatos, a maior parte proveniente de gatas grávidas ou de crias inteiras descartadas na sua residência. E o pior é que a cidade não comporta feiras de adoção, não tem política de controle de natalidade e nem abrigo da prefeitura. Neusa está lutando sozinha para cuidar de todos os gatos e ter o direito de ficar com eles, já que vive sofrendo ameaça de apreensão dos bichos e também de envenenamento em massa.

Gatos da Neusa
Gatos da Neusa

Se você também ama gatos, ajude uma gateira em situação difícil. Abaixo os contatos para ajudar qualquer uma delas:

Para ajudar Giane – Facebook Giane.Farias 

Para ajudar Lana – Facebook Lana Gatil do Amor

Para ajudar Rose – Facebook https://www.facebook.com/rosemary.martines?pnref=story

Para ajudar a Neusa – Facebook neusa.freitasvieira

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