EnglishEspañolPortuguês

O destino miserável dos animais considerados excedentes em zoológicos

1 de junho de 2017
4 min. de leitura
A-
A+

São privados de sua capacidade de exibir comportamentos naturais e têm uma existência repleta de estresse e sofrimento.

Girafas exploradas em zoo na Dinamarca
Foto: Getty Images

Apesar dos danos físicos e mentais que o cativeiro possui sobre os animais, muitos zoológicos possuem programas de reprodução. Dessa forma, eles podem sustentar suas populações de animais aprisionados e explorar um novo bebê para conseguir ainda mais visitantes. Para os zoos, a única desvantagem disso é a ocorrência de “excedentes”.

Ao contrário dos muitos santuários que acolhem animais abandonados e abusados pelo resto de suas vidas, os zoos só se preocupam com o lucro.

De acordo com os programas do Plano de Sobrevivência de Espécies (SSP), um animal excedente é aquele que tem “realizado sua contribuição genética para uma população gerida e não é essencial para estudos científicos futuros ou para manter a estabilidade ou as tradições dos grupos sociais”.

Para evitar qualquer confusão, estamos tratando especificamente de animais excedentes em zoos. No entanto, animais excedentes também são facilmente descartáveis no comércio de animais domésticos, em circos e em outras atrações de beira de estrada.

O que acontece com animais excedentes

Estes animais podem ser adultos que foram criados com um número de parceiros e não são mais considerados necessários para ter filhotes no zoo.

Basicamente, qualquer animal que não se “ajuste” ao programa de melhoramento de um zoo pode ser considerado um excedente. Eles também podem ser animais considerados não lucrativos e os filhotes que obtiveram grande sucesso no ano anterior podem ser substituídos por animais mais novos.

Como os zoos não são responsáveis pelo cuidado vitalício das espécies que explora, eles podem se livrar dos animais que não são mais rentáveis ou “úteis”.

Muitos estabelecimentos têm programas projetados para gerenciar populações e mantê-las geneticamente diversificadas. Porém, não há como controlar completamente quantos animais excedentes podem existir.

Os animais frequentemente recebem nomes, que são colocados em placas pequenas na frente da exposição com sua história ou alguns traços chaves da personalidade para que os visitantes leiam, mostra a reportagem do One Green Planet.

Antropomorfizar estes animais permite que o público se sinta conectado a eles. Afinal, todos nós temos nossos animais favoritos.

O comércio online de animais de zoológicos

Esses animais são muitas vezes vendidos e comercializados por meio de uma base de dados online: a Associação de Troca de Animais de Zoos e Aquários (AZA).

Trata-se de um banco de dados protegido por senha que as instituições creditadas pela AZA, instalações certificadas e que participantes aprovados são capazes de acessar. Embora os zoos frequentemente promovam a proteção de espécies ameaçadas por meio de suas declarações de missão (o que muitos fazem), o bem-estar animal não significa nada para eles, mas sim seu valor monetário.

A menos que você visite zoos diversas vezes ao longo do ano, essas trocas e transações são constantemente negligenciadas porque o público não observa quando um animal está ausente ou é substituído.

Alguns animais são vendidos diretamente para reservas de caça, enquanto outros são enviados para leilões. A maioria dos casos que expõe essas transações é mantida em segredo.

“É um negócio de longa data destinado a corroborar a negação dos zoológicos: eles entregam seus animais indesejados e esperam que os crimes dos negociantes não sejam rastreados até a fonte. É um jogo triste, conduzido para enterrar a verdade. Se essas instituições financiadas publicamente não têm nada a esconder, por que não fornecem um levantamento completo de onde todos os animais indesejados foram?”, questiona Alan Green, da Animal Underworld.

De acordo com Carole Baskin, fundadora da Big Cat Rescue, “se os animais tiverem ‘sorte’, podem ser trocados ou enviados para outro zoo ou instalação credenciada. Alguns são transferidos para vários zoos ao longo de suas vidas. No entanto, um grande número deles vai para criadores privados, circos, zoos de beira de estrada e fazendas de caça enlatada”.

Uma vez que os animais são vendidos, as pessoas que os compram podem fazer o que quiserem com eles. Baskin afirma que frequentemente os animais são vendidos a taxidermistas ou leilões. Tendo em vista a falta de regulamentação sobre a compra de espécies “exóticas” nos EUA, os animais podem ser comercializados sem muita preocupação.

Morte

Se os animais não são negociados, outra opção considerada pelos zoos é a morte.

Os zoos dos EUA favorecem o uso de contraceptivos para limitar o número de gravidezes indesejadas entre os animais. Porém, o assassinato de animais excedentes é uma prática padrão na Europa.

No último ano, o mundo chorou por uma girafa de 18 meses chamada Marius, que foi baleada e morta no Zoológico de Copenhague, na Dinamarca, em frente a um grupo de estudantes.

Marius foi morto porque, como declararam os oficiais do local, seus genes já estavam representados o suficiente entre as demais populações de girafas. Apesar dos programas de criação introduzidos para manter a diversidade genética, Marius nasceu.

Em uma tentativa fracassada de justificar o assassinato, os cientistas do zoo realizaram uma autópsia em Marius, em “nome da educação”, na frente de espectadores.

Algumas semanas mais tarde, quatro leões foram mortos da mesma forma no local porque as autoridades esperavam apresentar um novo macho às fêmeas reprodutoras. Todas essas práticas são absurdas. Os animais devem viver na natureza ao invés de serem explorados de forma tão bárbara.

Você viu?

Ir para o topo