Dez anos atrás, denunciamos o Zoonit ao IBAMA como um centro de tráfico de animais. Naquela época tivemos acesso aos registros de entrada de animais enviados por diversos órgãos aquele Zoológico, para seu resgate. Se comparássemos a entrada com o plantel existente, era evidente que uma boa parte daqueles animais tinha desaparecido.
O chimpanzé Jimmy, o leão infectado com a AIDS felina (Sansão) e mais de 30 macacos-pregos que vieram para o nosso Santuário, dois anos atrás, representam o auge da nossa denúncia, que terminou no fechamento daquele lugar horrível, onde mais de 400 animais se “acotovelavam” em menos de 10.000 metros quadrados – tamanho dos recintos que Jimmy e suas três filhas adotivas desfrutam no momento.
Todos os animais que entravam no Zoonit e que tinham algum valor de mercado eram negociados. Essa jibóia albina era uma das centenas de animais que tiveram o mesmo destino.
Porém, não nos enganemos. Existem muitos “Zoonites” no Brasil e no mundo atualmente, em que laudos falsos de necrópsia e ausência ou falsificação de registros de nascimentos dos animais são usados como um dos recursos por zoológicos para desviar milhares e até milhões de animais, se estendermos o problema a nível mundial.
Se aprofundarmos em muitos zoológicos que parecem organismos idôneos, inclusive do primeiro mundo, vamos encontrar um espetáculo tenebroso de vendas de animais, peles, carcaças, ovos, penas e até “almas” dos bichos que em algum momento tiveram a tragédia de serem destinados aqueles centros de exibição e entretenimento sórdido da população mal informada.
O trabalho de investigação que o IBAMA e a Polícia Federal têm feito no Zoonit deve ser estendido a todos os zoológicos do país, se na realidade queremos proteger a nossa fauna da predação que sofre, nas mãos de humanos que se enriquecem com o comércio de animais.
A Prefeitura de Niterói e os políticos que por lá passaram todos estes anos e acobertaram a existência do Zoonit como um centro de tráfico de animais devem também serem co-responsabilizados pelo crime ambiental de vender a nossa fauna nacional a colecionadores de animais do primeiro mundo, que sabem que o poder do dinheiro é um poderoso instrumento em suas mãos, para burlar todas as barreiras, leis e fronteiras que protegem os seres inocentes da insânia humana.
Repetimos: Não nos enganemos, enquanto for permitida a posse de animais selvagens por particulares, zoológicos existam como centros de exibições dos mesmos e os Estados não tenham infraestrutura para receber os animais produtos do tráfico e tenham que destiná-los a zoológicos, a tragédia do ZOONIT se repetirá e multiplicará em nosso país e no resto do Planeta.
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“Giselda e o marido, José Carlos Schirmer, foram presos na semana passada e vão responder por tráfico internacional de animais, contrabando e apropriação indevida.”