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O caminho do meio não ajuda nas mudanças de atitude

14 de fevereiro de 2012
3 min. de leitura
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O Caminho do Meio (Madhyama Pratipad, em sânscrito) é uma tradicional expressão budista. Ouço-a sempre, raramente vinda de pessoas ligadas a questões espirituais e muito mais vinda de leigos que a ouviram por aí. Siga pelo ‘caminho do meio’, deixe de radicalismos, temos de ouvir certas vezes.

Ilustração: Mark Ryden

Respeito as religiões, embora não seja obrigada a concordar com elas. Tal frase infelizmente é proferida por todas as pessoas que querem se desculpar e se manter em cima do muro. Não tomando atitude alguma de mudança. Raramente uma pessoa espiritualizada verdadeiramente sai falando essas expressões, usando conceitos que somente tem sentido diante de certas atitudes elevadas.

A mudança requer atitudes drásticas em muitos dos casos. A maioria das mudanças na humanidade ocorreram com mudanças bruscas de atitudes e não com conciliação, comodismo ou conveniência.

Para mudar, temos que tomar posições. Se queremos a liberdade, temos que lutar por ela e nao conciliar formas amenas de prisão.

O sujeito preocupado com os direitos animais, deve tomar atitudes condizentes. Não pode ser hipócrita a ponto de achar que as coisas se ajeitarão sem sua participação ativa.

Pode também pensar no uso adequado dos recursos naturais. Coisa que muito se fala, mas pouco se faz. Basta irmos ao supermercado para vermos que as ecobags, por exemplo não colaram.

Pensar no ambiente é também pensar nos animais, já que estes dividem o mesmo planeta Terra conosco. Não somos absolutos aqui.

A atitude de pouco se importar com a natureza, prejudica muitas espécies animais, que usam recursos naturais, que habitam diversos ecossistemas da Terra.

A atitude de só se importar com os ecossistemas distantes ignora que somos nós os urbanos também parte da natureza e que aqueles indivíduos que estão nos matadouros, granjas, fornecendo ovos, vitela e por consequência o leite, também são seres interessados em seu próprio bem estar. São dignos de consideração.

Ilustração: Mark Ryden

Seguir o ‘caminho do meio’  neste caso deveria  ser tomar uma atitude  ‘radical’  e correta,  a ponto de  ter uma dieta livre da exploração de animais (é possível, com os atuais recursos alimentícios, é barato e acessível a toda a população), ser ecológico e preocupado com as questões políticas, pois estas influem diretamente em tudo o que fazemos e na vida dos animais e ecossistemas.

Mas ainda ouço: ‘siga o caminho do meio’. E a pessoa que diz isso nada faz nem pelo ambiente natural que ela tanto valoriza, nem pelos animais. Apenas vive sua vidinha de conciliações que resume em agradar a todos os que estão próximos. Mas isso é rasteiro.

Não pode contrariar o fulano, nem o sicrano. Fuma e bebe à exaustão, acha bonito. Se entope de carne, laticínios, colaborando para a exlporação ambiental e animal. Usa drogas e com isso colabora com o sistema intrincado de corrupção e exploração humana – e consequentemente animal. É só fazer as conexões. Não pode contrariar o marido, nem a esposa, o que os amigos vão dizer…

Mudar vícios e atitudes, adquirir novos hábitos é coisa que poucos se animam a fazer. Muito mais se escreve ou se cita estes assuntos, mas não vemos atitudes práticas no dia a dia. Falo de atitudes significativas.

Para um planeta superhabitado, é preciso atitudes que tenham peso e não meros descarregos de consciência. Tapar a tampa da panela não vai contar, no final das contas. Pode ser uma atitude de economia doméstica, mas para o planeta as medidas tem de ser em grande escala. Repensar tais atitudes já está acontecendo, falta tomar atitude e tem que ser já.

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