Um estudo conduzido pelas cientistas Julia Andreasen (Universidade do Minnesota), Anna Hogg e Heather Selley (Universidade de Leeds), publicado a 16 de maio de 2023 na revista The Cryosphere, tinha como objetivo colmatar a lacuna de conhecimento científico sobre as medições das plataformas de gelo em torno da Antártida. Para tal, as investigadoras usaram métodos de análise de imagens para analisar a evolução das plataformas de gelo entre 2009 e 2019.
A conclusão foi que a área de plataformas de gelo no oceano cresceu em 5.305 quilómetros quadrados na última década, mas este o aumento está associado a um maior degelo nas regiões mais altas da Antártida, que provoca a deslocação de quantidades cada vez maiores de gelo para as regiões costeiras deste continente.
O aumento do gelo em certas zonas da Antártida não pode assim ser considerado um sinal positivo no contexto das mudanças climáticas. É crucial observar que o aumento do gelo em determinadas regiões não compensa o derretimento significativo de gelo que está a ocorrer noutras partes da Antártida, bem como em regiões como o Ártico. O derretimento acelerado e a perda de massa de gelo são eventos preocupantes, pois contribuem para a elevação do nível do mar, pondo em risco comunidades costeiras e ecossistemas.
A Antártida, com uma extensão três vezes superior à da União Europeia, permanece amplamente enigmática em muitos aspetos. Comparada ao Ártico, é ainda mais remota, de acesso mais desafiador e desprovida de uma população permanente, exceto pelos milhares de cientistas que a visitam anualmente. O estudo sistemático deste vasto continente teve início nos anos 50, ganhando impulso significativo em 2007 com os substanciais investimentos do Ano Polar Internacional.
O debate científico sobre as mudanças climáticas a par do comportamento do gelo na Antártida continua, mas é importante considerar o quadro geral e a tendência global de aquecimento, derretimento de gelo e aumento do nível do mar ao avaliar os impactos das mudanças climáticas no planeta. O consenso científico geral sustenta que as atividades humanas têm um papel central nas mudanças climáticas observadas.
Fonte: Green Efact
