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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O aquecimento global e o desmatamento estão levando espécies dependentes do gelo à extinção, alerta a UICN

De acordo com a Lista Vermelha, o declínio das populações de aves aumentou drasticamente de 44% em 2016 para 61%.

12 de outubro de 2025
Himanshu Nitnaware
4 min. de leitura
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Foto: IUCN

A perda de habitat impulsionada pelo aquecimento global está levando as focas do Ártico mais perto da extinção, enquanto as populações de aves despencam devido ao desmatamento, revela a atualização mais recente da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Divulgada no Congresso da UICN que está em andamento, realizado a cada quatro anos, a lista atualizada mostra que três espécies de foca do Ártico enfrentam ameaças crescentes. A foca-de-crista (Cystophora cristata) passou de Vulnerável para Em Perigo, enquanto a foca-barbuda (Erignathus barbatus) e a foca-da-groenlândia (Pagophilus groenlandicus) foram rebaixadas de Pouco Preocupante para Quase Ameaçada, informou a UICN.

Em um comunicado, a organização identificou a perda de gelo marinho devido ao aquecimento global como a principal ameaça para as focas do Ártico – seu único habitat para reprodução, criação de filhotes, troca de pele, descanso e acesso a áreas de alimentação. O derretimento do gelo está perturbando seus padrões de alimentação, aproximando os humanos de seus territórios e aumentando sua vulnerabilidade.

O Ártico está aquecendo quatro vezes mais rápido do que a média global, reduzindo drasticamente tanto a extensão quanto a duração da cobertura de gelo marinho. A UICN alertou que o afinamento das placas de gelo e as estações de gelo mais curtas também estão afetando gravemente outras espécies dependentes do gelo, como as morsas (Odobenus rosmarus) e outros mamíferos marinhos em todo o Ártico. Impactos semelhantes estão sendo observados na Antártica e entre espécies subpolares, como a foca-do-cáspio (Pusa caspica).

Espécies árticas como ursos polares e outra fauna indígena desempenham um papel crucial na manutenção do equilíbrio do ecossistema. Elas consomem peixes e invertebrados, reciclam nutrientes e influenciam as teias alimentares, tornando-as espécies-chave no ambiente marinho.

“Todos os anos, em Svalbard, o recuo do gelo marinho revela o quanto as focas do Ártico estão ameaçadas, dificultando sua reprodução, descanso e alimentação. A situação delas é um lembrete severo de que a mudança climática não é um problema distante – ela vem se desenrolando há décadas e está tendo impactos aqui e agora”, disse Kit Kovacs, co-presidente do Grupo de Especialistas em Pinípedes da Comissão de Sobrevivência de Espécies da UICN e Líder do Programa Svalbard no Instituto Polar Norueguês.

Kovacs acrescentou que proteger as focas do Ártico vai além dessas espécies; trata-se de salvaguardar o delicado equilíbrio do Ártico, que é essencial para todos nós.

Outros grandes riscos destacados pela UICN incluem transporte marítimo, extração de petróleo e minerais, ruído subaquático, captura acidental pela pesca e caça.

Aves sob pressão

A atualização da UICN também revelou que 1.256 das 11.185 espécies de aves avaliadas – ou 11,5% – estão globalmente ameaçadas. Das 1.360 espécies de aves reavaliadas pela BirdLife International, 61% agora mostram tendências de população em declínio – um aumento acentuado em relação aos 44% de 2016.

Os principais fatores do declínio são a perda e a degradação do habitat, em grande parte causadas pela expansão agrícola e pela exploração madeireira intensiva. A perda de florestas tropicais representa uma ameaça particularmente severa para as espécies de aves em regiões como Madagascar, África Ocidental e América Central.

“Em Madagascar, 14 espécies endêmicas de aves florestais foram reclassificadas para Quase Ameaçadas e três para Vulneráveis, incluindo o asity de Schlegel (Philepitta schlegeli), cujos machos possuem barbelas faciais vibrantes em azul e verde. Na África Ocidental, cinco espécies estão agora Quase Ameaçadas, incluindo o calau-de-capacete-preto (Ceratogymna atrata), que também é caçado e comercializado. Na América Central, a perda de floresta levou o uirapuru-nortenho (Microcerculus philomela) para Quase Ameaçado”, disse a UICN.

Ian Burfield, Coordenador de Ciência Global (Espécies) da BirdLife e Coordenador da Autoridade da Lista Vermelha de Aves, enfatizou a urgência da situação em um comunicado. “Três em cada cinco espécies de aves do mundo terem populações em declínio mostra o quão profunda se tornou a crise da biodiversidade e como é urgente que os governos tomem as ações às quais se comprometeram em múltiplas convenções e acordos”, declarou ele.

As aves desempenham um papel vital nos ecossistemas como polinizadores, dispersores de sementes, controladores de pragas, detritívoros e engenheiros de ecossistemas. A UICN observou que os calaus, por exemplo, podem dispersar até 12.700 sementes grandes por quilômetro quadrado a cada dia, ajudando a sustentar a regeneração florestal e o armazenamento de carbono. No entanto, a agricultura, a exploração madeireira, as espécies invasoras, a caça, a captura e as mudanças climáticas continuam a ameaçar as populações de aves em todo o mundo.

Extinções

A Lista Vermelha atualizada também confirma que seis espécies passaram para a categoria Extinto. Estas incluem o musaranho da Ilha Christmas (Crocidura trichura) e o caracol-cone (Conus lugubris), ambos perdidos desde o final da década de 1980. Outras extinções confirmadas incluem o maçarico-de-bico-fino (Numenius tenuirostris), visto pela última vez no Marrocos em 1995, e a Diospyros angulata, uma espécie de árvore aparentada com o ébano, registrada pela última vez na década de 1850.

Três mamíferos australianos – o marl (Perameles myosuros), o bandicoot listrado do sudeste (Perameles notina) e o bandicoot barrado de Nullarbor (Perameles papillon) – bem como a Delissea sinuata, uma espécie de planta havaiana, foram avaliados pela primeira vez e já estão listados como Extintos, informou a UICN.

Traduzido de Down to Earth.

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