Por Elias Silva
Quando seus amigos e vizinhos forem assistir ao novo filme Speed Racer, o que eles não verão é o treinador submetendo o chimpanzé que “interpreta” o Chim Chim/Zequinha a golpes. Também não verão o chimpanzé mordendo um ator no set. Esse tipo de coisa acontece todo o tempo com animais usados, explorados e abusados na indústria do entretenimento, incluindo animais que aparecem em filmes, comerciais, novelas, programas de TV etc.
Mesmo com computadores e animações (e o aumento da consciência sócio-ambiental), tem-se submetido animais de verdade a rotinas confusas e assustadoras para eles e completamente desnecessárias. E caso se comporte mal ou não entenda algo solicitado, resulta em punição. Então, por que filmes, como Speed Racer continuam os explorando?
Animais não são atores, e não estão trabalhando no set voluntariamente!
Ajude a deixar Hollywood, a Globo, produtores, críticos e as demais mídias saberem que você e tantas outras pessoas não são ignorantes e indiferentes quanto ao que acontece atrás das cenas. E que não os apoiaremos enquanto animais são explorados para entretenimento. Não devem ser assustados e agredidos por não serem aptos a fazer o que o diretor planejou para ser feito naquele momento e daquele jeito por eles!
Para treinar primatas para performances, estes são retirados dos braços da mãe com apenas alguns dias de vida. Como se pode imaginar, isso causa traumas psicológicos, emocionais e fisiológicos para a mãe e o filhote. Quando o animal chega aos dois anos de idade, os treinadores começam um processo que eles chamam de “quebrando o espírito”. Algumas vezes isso significa empurrar a cabeça dos bebês chimpanzés e orangotangos, chutar seus rostos e acertá-los com cabos de vassoura. Referindo-se a um chimpanzé, um treinador falou para um investigador disfarçado para “chutar o rosto do chimpanzé o mais forte que puder. Ele não se machuca”.
Por volta dos oito anos de idade, os primatas se tornam muito fortes para serem controlados, então raramente são usados como “atores” novamente. O segundo estágio de suas vidas os depara com um terrível fato: ao invés de viverem uma tranqüila aposentadoria, eles são vendidos para zoológicos e circos. O abuso, negligência, solidão e total falta de respeito por sua natureza que esse animais sofreram na indústria do entretenimento continua enquanto eles sobrevivem em condições miseráveis até decretarem a sua morte. Partindo do fato que chimpanzés e orangotangos vivem aproximadamente 60 anos, são décadas de sofrimento!
A PETA já resgatou antigas “celebridades chimpanzés” no lixo! Sendo mantidas em caixotes, no meio de sujeira, lixo, fezes e urinas de uma semana! Os animais foram privados de liberdade, sociabilidade, alimentação adequada e atendimento médico. Isso é show business com animais! E não tem nada de divertido nisso!
Quando vejo animais em filmes e na televisão, tudo o que consigo ver é a tristeza em seus olhos, a miséria que eles tem de suportar, o terror que sofrem nos estúdios e a desgraça que o espera quando ele não for mais útil para o estúdio.
Faça esses animais não serem esquecidos após o fechamento das cortinas. Dê-lhes a chance de uma vida digna e sem sofrimento.
Baseado no texto de: Ingrid E. Newkirk / President PETA
Tradução e algumas modificações: Daniele de Miranda / ULA!- União Libertária Animal
Obs.: A visitação pública nos santuários é proibida. “Os chimpanzés que sofreram muito nas mãos de humanos desconfiam de tudo, acham que todas as pessoas são ruins, vão machucá-los e eles reagem com agressividade, como defesa. Alguns ficam tão desesperados quando veem a presença de desconhecidos que se auto-mutilam, gritam sem parar. Mas eles são dóceis com quem eles conhecem e confiam, que são os tratadores e veterinários”, revela Pedro, fundador do GAP – Projeto Grandes Primatas, que resgata e abriga chimpanzés que sofreram torturas, foram explorados comercialmente, viveram em zoológicos precários, eram exibidos em circos ou criados como bichos de estimação etc.
E pelo mesmo motivo, nem todos os animais são capazes de conviver em grupo e precisam ser mantidos isolados. “Há tristes casos de animais criados explorados em circos que, para parecerem mansos, tiveram seus dentes arrancados ou foram cegos”, diz o protecionista.
Episódios emocionantes não faltam para quem acompanha o dia-a-dia dos animais. Pedro cita como caso mais recente o chimpanzé Hulk que, por 15 anos, viveu na escuridão. Além de cego, Hulk foi castrado e violentado. Tragédias que marcaram o animal para sempre. “Hulk foi o primeiro chimpanzé do mundo a ser operado e ter parte de sua visão recuperada”, conta Pedro, que, para este feito, teve a ajuda do renomado oftalmologista Walton Nosé e equipe.
Trecho da entrevista da Revista Galileu (maio de 2008) com Laura-Ann Petitto, uma das pesquisadoras que trabalhou com o chimpanzé Nim Chimpsky, que aprendeu a linguagem dos sinais e fazia o sinal de “desculpas” para seus companheiros símios. Ele morreu em 2000, aos 26 anos:
Galileu: Por que tendemos a humanizar os chimpanzés?
Laura-Ann: Os chimpanzés despertam essa questão porque se parecem conosco. Mas é um engano achar que as semelhanças presumem identidade. As expressões faciais deles não têm os mesmos significados que as nossas. Você pode pensar que um chimpanzé está sorrindo, mas, na verdade, ele pode estar sentindo dor. As fotos publicitárias com esses animais são feitas sob tortura.
“Nim Chimpsky: The chimp who world be human” é a biografia desse chimpanzé, e virou best-seller nos EUA.
Fonte: Contato Animal