Apesar de grandes órgãos de saúde, como as associações dietéticas britânica e americana, afirmarem que dietas à base de vegetais são seguras e nutricionalmente adequadas para gestantes, ainda existe muita controvérsia em torno da prática do veganismo durante a gravidez. A desinformação sobre dietas veganas é comum, levando muitas pessoas a acreditarem, erroneamente, que elas não são saudáveis para mães e bebês. No entanto, especialistas afirmam que isso não é verdade.
Para esclarecer dúvidas sobre a segurança e a viabilidade de uma gestação vegana, conversamos com Rhiannon Lambert, uma das principais nutricionistas do Reino Unido. Lambert destaca que é perfeitamente possível manter uma dieta vegana durante a gravidez, desde que haja um planejamento cuidadoso para garantir a ingestão adequada de nutrientes essenciais. “Embora as dietas à base de vegetais ofereçam muitos benefícios, sem um planejamento apropriado, há risco de deficiências nutricionais para a mãe e o feto”, afirma. Lambert ressalta a importância de suplementar a vitamina B12 e, possivelmente, outros nutrientes como ferro, vitamina D, cálcio, ômega-3 e iodo, especialmente se houver dúvida sobre o consumo adequado desses nutrientes.
Durante a gravidez, Lambert recomenda uma dieta diversificada, rica em feijões, frutas vermelhas, folhas verdes escuras, nozes, sementes e fontes de proteína vegetal, como tofu e grãos integrais. Alimentos fortificados, como leites vegetais e cereais, também podem ajudar a garantir a nutrição necessária. Ela reforça a importância de sempre consultar um médico para orientações personalizadas.
Estudos sugerem que dietas ricas em frutas, vegetais e grãos integrais podem reduzir o risco de condições como hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, além de problemas como parto prematuro e diabetes gestacional. No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar esses benefícios.
Quanto aos alimentos a serem evitados, Lambert alerta para os riscos de consumir frutas e vegetais não lavados, sucos não pasteurizados e brotos crus, que podem conter bactérias nocivas. A cafeína também deve ser limitada a 200 mg por dia para reduzir o risco de complicações, e certos suplementos à base de plantas, como ginseng, devem ser evitados devido a possíveis efeitos adversos. Em todos os casos, é fundamental buscar orientação de um profissional de saúde antes de fazer alterações na dieta ou iniciar suplementação durante a gravidez.