O saruê, marsupial nativo do Brasil, tem se tornado cada vez mais comum nas áreas urbanas de São Paulo. O número de saruês recolhidos pela Prefeitura aumentou de 1.400 em 2017 para quase 3.600 no último ano, indicando uma possível expansão populacional ou maior interação com humanos.
Os saruês representam cerca de um terço dos animais atendidos no Cemacas, Centro de Manejo e Reabilitação de Animais Silvestres. Segundo o médico veterinário Marcello Schiavo Nardi, esse crescimento pode ser atribuído à urbanização de novas áreas, que força o contato entre humanos e esses animais. Ele ressalta que a maior visibilidade do serviço municipal também pode ter contribuído para o aumento dos registros.
Comportamento e Habitat
Os saruês são animais sinantrópicos, ou seja, se adaptam bem à vida urbana, alimentando-se de restos de comida e lixo. O professor de doenças parasitárias da USP, Adriano Pinter, explica que esses marsupiais, que pesam cerca de um quilo, dependem de áreas arborizadas para sobreviver. Eles fazem ninhos em árvores e são mais frequentemente encontrados em locais como o parque do Ibirapuera e o parque da Água Branca.
A relação entre humanos e animais silvestres em São Paulo mudou nas últimas décadas. Antes de 1988, a caça era permitida, mas atualmente a população se mostra mais sensível à presença desses animais. O animador gráfico Gabriel Bitar relata que o contato com saruês se tornou comum em sua vizinhança, onde eles costumam brincar em quintais.
Saúde e riscos
Apesar de sua adaptação, os saruês podem ser portadores de doenças, como a Doença de Chagas. Pinter alerta que, embora já tenham sido encontrados saruês infectados na cidade, o vetor da doença, o inseto barbeiro, não está presente nas áreas urbanas. Isso reduz o risco de transmissão, mas a vigilância continua sendo necessária.
A crescente presença dos saruês em São Paulo reflete não apenas a adaptação desses animais, mas também a mudança na percepção da sociedade em relação à vida selvagem nas áreas urbanas.
Fonte: Portal Tela