Os números de aves silvestres no Reino Unido continuam a cair, apesar das promessas do governo de interromper o declínio da natureza até 2030.
Dados divulgados hoje (12/11) pelo governo britânico mostram que, nos últimos cinco anos, todas as espécies de aves enfrentaram declínio populacional, após sofrerem com a perda de habitat, uso de pesticidas, colapso climático e gripe aviária. No geral, as espécies de aves diminuíram 2% em todo o Reino Unido e 7% na Inglaterra desde 2018.
As aves de áreas agrícolas foram as mais afetadas, com uma queda severa de cerca de 61% no longo prazo (desde 1970) e 9% no curto prazo (os cinco anos de 2018 a 2023). As aves de florestas também tiveram uma queda significativa, com números caindo cerca de 35% no longo prazo e 10% no curto prazo.
Algumas aves de áreas agrícolas foram particularmente impactadas. A rola-comum teve uma redução de 54% no Reino Unido nos últimos cinco anos. Os números do pardal-montês também continuam a cair drasticamente, com uma redução de 25% em todo o Reino Unido e 35% na Inglaterra durante esse período.
O declínio no número de aves de áreas agrícolas deve-se principalmente à perda de habitat, com menos vegetações disponíveis para nidificação. O uso de pesticidas e fertilizantes também reduziu a população de insetos, fonte de alimento para essas aves. Alguns agricultores mudaram suas práticas e começaram a observar melhorias anedóticas nos números da rola-comum.
Especialistas alertaram que algumas aves podem se extinguir se essas tendências continuarem. “O declínio de aves silvestres em todo o Reino Unido é trágico. Esses últimos números são particularmente alarmantes, dado o padrão decrescente de todas as espécies de aves nos últimos anos. A perda de habitat, poluição e mudanças climáticas são fatores que contribuíram para esses declínios preocupantes”, afirmou Kathryn Brown, diretora de mudanças climáticas e evidências da Wildlife Trusts.
“O governo do Reino Unido deve agir para restaurar pelo menos 30% das terras do país para a natureza até 2030, a fim de dar uma chance de sobrevivência a aves como o bico-grossudo e o rouxinol. Sem uma ação concentrada para restaurar a natureza em grande escala, há um risco significativo de que muitas espécies de aves possam ser reclassificadas de ameaçadas para extintas na Grã-Bretanha”, acrescentou Brown.
Os números podem ser ainda piores do que mostram, pois não contabilizam a perda de aves marinhas devido à gripe aviária, que devastou populações desde 2022.
“Os resultados são mistos, mas o que é mais notável é que as tendências recentes são predominantemente negativas, um padrão mais pronunciado na Inglaterra em quase todos os grupos de aves. Isso é preocupante, dado o objetivo de interromper e reverter as tendências das espécies. Agora, mais do que nunca, precisamos de ações positivas em maior escala para ajudar nossas aves e interromper e reverter as perdas”, disse o professor Richard Gregory, chefe de monitoramento de espécies no Centro de Ciência da Conservação da RSPB.