O número de gatos e cães domésticos acidentalmente expostos à cocaína aumentou de forma “significativa” nos Estados Unidos desde 2019. Esse é o alerta de um novo estudo liderado por um pesquisador da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (UNC), que analisou dados de um centro de controle de intoxicação animal.
“Os animais são altamente sensíveis aos efeitos estimulantes e simpatomiméticos da cocaína”, escreveram os cientistas em seu artigo. “Qualquer grau de exposição deve ser considerado preocupante, pois há um risco severo de toxicidade e morte, mesmo com terapia médica agressiva.”
A cocaína é o estimulante ilegal mais comum nos EUA, com estimativa de uso por 1,8% da população no ano passado.
O estudo foi realizado pelo pesquisador de trabalho social da UNC Orrin Ware e pela toxicologista veterinária Renee Schmid, da Pet Poison Helpline. Os dois analisaram casos potenciais de exposição de gatos e cães à cocaína e metanfetamina entre 2019 e 2023, conforme relatados à central de atendimento.
Esse centro especializado em controle de intoxicação animal—consultado por tutores de animais, veterinários e agentes de segurança—abrange casos nos EUA, Canadá e Caribe.
A equipe registrou a idade, o peso e a localização do animal (nos EUA ou Canadá) para cada ligação e analisou o número total de chamadas relacionadas a seis tipos de exposição a drogas.
Essas categorias incluíam gatos expostos à cocaína, metanfetamina ou ambas, e a mesma análise foi feita para cães. No total, o estudo envolveu 63 gatos e 433 cães.
“Embora não tenhamos evidências para explicar por que mais casos envolveram cães, sabemos que há mais lares no Canadá e nos Estados Unidos com cães como animais domésticos do que gatos”, disseram Ware e Schmid à Newsweek. “Essa população maior de cães como animais domésticos pode representar um grupo maior de potenciais exposições a substâncias do que os gatos.”
“Em muitas situações, os cães podem ser mais curiosos e explorar colocando objetos desconhecidos na boca”, acrescentaram.
A análise dos pesquisadores revelou aumentos estatisticamente significativos com o passar do tempo no número de gatos e cães expostos à cocaína.
“Especificamente, o aumento nesses cinco anos foi de 52% para gatos e 39% para cães”, disseram os dois. No entanto, aumentos semelhantes não foram observados para a metanfetamina.
Eles observaram que a análise foi limitada por explorar apenas o número de casos relatados à central de atendimento — o que provavelmente não representa a verdadeira escala de exposição à cocaína e metanfetamina em gatos e cães — e não como as exposições ocorreram.
Apesar disso, a equipe alertou que “à medida que os danos relacionados ao uso de substâncias ilícitas continuam a aumentar, reconhecer os efeitos potencialmente fatais nos animais no ambiente ao redor pode ajudar a minimizar a exposição de animais domésticos”.
Com o estudo inicial concluído, Ware e Schmid agora buscam explorar outras classes de drogas, examinar os sintomas produzidos por intoxicações animais e investigar se o aumento na exposição à cocaína pode estar ligado ao aumento do uso da droga pela população.
Os dois também deram conselhos para tutores de cães ou gatos que temam que seus animais possam ter sido expostos a drogas.
“Os tutores devem procurar atendimento imediato com um veterinário caso haja suspeita de que o animal foi exposto à cocaína ou metanfetamina”, disseram. “Os sinais clínicos podem se desenvolver rapidamente, e qualquer atraso no atendimento pode ser fatal para o animal.”
“Para lares onde há presença de drogas, é importante manter todos os itens fora do alcance dos animais”, concluíram.