A pandemia da Covid-19, além de ter causado grande sofrimento à humanidade, aumentou o sofrimento dos animais. Nos últimos dois anos, o número de casos de abandono, maus-tratos, fome e negligência aumentou exponencialmente.
Conforme os dados da Diretoria de Bem Estar Animal, ligada à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano de Cuiabá, estima-se que a quantidade de animais abandonados triplicou durante o período da pandemia.
De acordo com o portal G1, acredita-se que esse aumento estaria ligado ao crescimento de tutores desempregados e falecidos e que, nesse caso, os parentes não se responsabilizaram pelos animais.
Em Cuiabá, a estimativa é de que haja cerca de 14 mil animais abandonados. Somente no primeiro trimestre de 2021, a média registrada foi de 98 denúncias por mês, o correspondente ao dobro da média mensal dos anos de 2018 e 2019.
Os dados levantados pelo órgão apontam um crescimento no número de denúncias e resgate de animais ano a ano. Em 2018, foram contabilizadas 513 denúncias.
Já em 2019, as denúncias aumentaram para 559, e só no primeiro semestre de 2020 foram contabilizadas 497 denúncias, o dobro dos anos anteriores em 6 meses. Os números em 2021 continuam crescendo, e ainda não há dados mais recentes sobre os abandonos.
Amor animal
O grupo voluntário “Amor Animal” é liderado por Silvana Salomão Cury Veloso, servidora pública federal, de 56 anos. A organização resgata, oferece tratamento médico veterinário, alimenta, castra e doa de forma responsável os animais.
Segundo ela, com a pandemia aumentou muito a demanda por resgates, e que há pedidos de ajuda todos os dias. “Contamos apenas com doações de parceiros para continuarmos dando voz àqueles que não tem voz”, disse.
Um dos casos mais marcantes de maus-tratos foi o resgate de dois filhotes. “Eram dois irmãozinhos pretos em uma casa onde a mãe deles estava morta no fundo do quintal e os filhotes à míngua, rodeando o corpo da mãe, sendo que o dono da casa trabalha no Correio”.
A ativista afirma ainda que a crise financeira e emocional trazida pela pandemia refletiu na relação entre tutores e animais.
“Quando uma pessoa fica irritada, desconta no animal, porque eles querem atenção, fazem bagunça. Aquela raiva passou a ser descontada nos animais com maior intensidade. O que impera é a ignorância. Tem pessoas de baixa renda que dividem sua comida com o cachorro, e tem os que possuem condições até de vacinar, e não vacina, não compra ração de qualidade, porque é avarento”, pontua.
E completa: “Existem 14 mil cães e gatos abandonados em Cuiabá. 14 mil! É uma questão de compaixão, de ver os cães e não só olhar. É uma barbaridade. A Prefeitura de Cuiabá precisa ter políticas públicas em prol dos animais. A causa animal está unida, mas precisamos de campanhas de vacinação, não só da raiva, mas da parvirose, cinomose e outras doenças”, concluiu.