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PERDA DE HABITAT

Novo refúgio protege macaco mais ameaçado da Amazônia, mas desafios continuam

21 de abril de 2025
Shanna Hanbury
3 min. de leitura
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Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília

Em junho de 2024, o Brasil estabeleceu um refúgio duas vezes maior que a ilha de Manhattan próximo à cidade amazônica de Manaus para proteger o sauim-de-coleira, o macaco mais ameaçado da América do Sul.

Quase um ano depois, porém, a reserva de 15 mil hectares (37 mil acres) ainda está em fase de implementação institucional, e conservacionistas afirmam que ela não atende plenamente às necessidades de sobrevivência da espécie.

Os sauins-de-coleira (Saguinus bicolor) vivem exclusivamente nas florestas ao redor de Manaus, capital do Amazonas e lar de 2,2 milhões de pessoas. Seu habitat abrange apenas 800 mil hectares (cerca de 2 milhões de acres), grande parte já fragmentada por estradas, terras agrícolas e expansão urbana, restando apenas ilhas isoladas de floresta.

“Eles são uma espécie muito azarada por terem escolhido justamente Manaus”, disse Diogo Lagroteria, coordenador do comitê de conservação do sauim-de-coleira no ICMBio, em entrevista por telefone à Mongabay. “O sauim tem uma distribuição geográfica muito pequena, justamente no olho do furacão da Amazônia.”

O recentemente decretado Refúgio da Vida Silvestre Sauim-de-Coleira une-se a outras cinco áreas florestais — incluindo um campo de treinamento militar e a Terra Indígena Rio Urubu — para se tornar o sexto fragmento de floresta preservada dentro do território da espécie. Conservacionistas veem isso como um passo positivo, mas alertam que, sem corredores florestais protegidos conectando esses fragmentos, os riscos de colapso populacional — por perda de habitat, endogamia e atropelamentos — continuam altos.

“Quando criamos esse refúgio, preenchemos uma lacuna no território da espécie que não tinha nenhuma proteção”, explicou Lagroteria. “Mas o refúgio sozinho não garante a sobrevivência do sauim.”

Os sauins-de-coleira são menores que um esquilo-vermelho, medindo entre 21 e 28 cm, com rosto preto sem pelos, parte superior do corpo branca e peluda e orelhas pontudas. Eles são conhecidos por seu comportamento destemido e confrontador.

“Esses sauins se erguem e começam a gritar com você em ‘linguagem de sauim’”, contou Dom Wormell, direto da Tamarin Trust (Reino Unido), por telefone à Mongabay. “Eles estão sempre se comunicando, com 35 a 40 chamados diferentes. São animais muito inteligentes.”

O sauim-de-coleira tornou-se mascote de Manaus em 2005, e esforços para conscientizar sobre sua situação vêm sendo feitos há décadas. No entanto, ainda há desafios para envolver as comunidades próximas ao refúgio.

“As conversas com as comunidades locais ainda estão no início. Fizemos algumas visitas de campo e até agora apenas uma audiência pública”, disse Lagroteria. “Queremos que os moradores participem e nos ajudem a preservar a área. Mas algumas pessoas invadiram terras nos últimos anos e tentam legalizar suas ocupações.”

Ele acrescentou que o objetivo é garantir que o refúgio beneficie tanto as populações locais quanto os sauins. Entre as primeiras ações estão a instalação de passagens de fauna sobre estradas para reduzir atropelamentos e o plantio de árvores frutíferas nativas, que alimentam os animais e geram renda para famílias próximas.

Traduzido de Mongabay.

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