Aprisionados em jaulas, os animais presos em zoológicos vivem muitas vezes sob o cimento, em recintos pequenos e inadequados. Sofrem de solidão, desenvolvem depressão e vivenciam dias de angústia. Movimentos repetitivos que sinalizam o estresse ao qual são submetidos são comuns entre os animais que vivem nesses locais.

Um zoológico integra o projeto do Animalia Park, um parque de diversões que está sendo construído na cidade de Cotia, em São Paulo. Reduzidos à condição de objetos atrativos ao público, animais silvestres viverão presos em recintos para entreter os visitantes.
Um terreno de 350 mil metros quadrados foi destinado ao parque, que contará com atrações radicais, como montanhas-russas, brinquedos para crianças, teleférico, lojas e restaurantes, além do zoológico, que receberá ainda mais visitantes do que o normal por estar situado em um espaço com muitos outros atrativos. Sendo assim, pessoas que talvez não estivessem dispostas a ir em um zoo, podem acabar passando pelo local após terem ido ao parque em busca de outras atrações. Com isso, o número de visitantes do zoológico deve aumentar, o que é prejudicial para os animais, que sofrerão com o estresse provocado pelo barulho e a presença do público.
Parte desses animais, inclusive, já está vivendo no local. Não foi informado se os recintos que os abrigam estão distantes o suficiente das obras como forma de protegê-los do barulho estressante. Resgatados em situações de risco, esses animais já foram submetidos a sofrimento posterior e ainda assim não terão o direito de viver em paz em um santuário, sem serem vistos como mercadorias lucrativas que podem gerar entretenimento ao público pagante.

Dividido em duas áreas, o Animalia Park terá um espaço para o zoológico e outro para o parque de diversões, sendo que os dois locais estarão ligados por um teleférico e terão também como ponto de conexão uma vila, com lojas, restaurantes e serviços de conveniência. Espaços de convivência e uma praça de alimentação também estão incluídas no projeto, conforme divulgado pelo portal SP Crianças.
De acordo com a administração do parque, a previsão é de que o estabelecimento seja inaugurado no final deste ano, caso não haja nenhum atraso ou impedimento decorrente da pandemia de coronavírus.
“É divertido preservar”
Seguindo uma lógica semelhante à utilizada por zoológicos de todo o mundo, o Animalia Park tem como slogan a frase “É divertido preservar”. E embora não seja ético reproduzir animais em cativeiro para exibi-los ao público, sem promover a soltura no habitat, o tema do parque é a ecologia e a preservação da natureza e da vida animal.
Em um artigo embasado em fontes credibilizadas, o portal O Holocausto Animal publicou informações que desmentem a alegação de que zoológicos promovem a preservação das espécies. Conforme exposto no artigo, “leões, populares em zoológicos, são em grande maioria animais híbridos e de espécies desconhecidas, portanto, possuem pouco ou nenhum valor de preservação de espécie”.
De acordo com David Hancock, ex-diretor do Zoológico de Seattle, “é um erro comum achar que zoológicos existem para impedir a extinção de espécies ou para reintroduzi-las na natureza novamente. Na verdade, a maioria dos zoológicos não possui nenhum tipo de programa de reintrodução à natureza”.

Citando livros que tratam do assunto, o portal reforça que a “reprodução em cativeiro é considerada por alguns cientistas como uma das razões para o declínio de uma espécie, dando ’uma a falsa impressão de que as espécies estão seguras, pois a destruição do habitat natural poderia, assim, continuar’”.
“Zoológicos gastam milhões para manter animais confinados, enquanto os seus habitat naturais estão sendo destruídos e não recebem proteção alguma. Quando o Zoológico de Londres recebeu mais de 5 milhões de libras, o principal consultor do projeto Great Ape Project Survival da ONU disse que estava desconfortável com o descompasso dos gastos extravagantes em zoológicos, em relação à escassez de recursos disponíveis para a preservação de espécies ameaçadas na natureza: ‘Cinco milhões de libras para três gorilas, quando ao mesmo tempo, parques nacionais vivem um massacre diário por culpa da caça. Deve ser frustrante para o diretor do parque nacional saber disso’”, mencionou o portal O Holocausto Animal.
“Atos de preservação de pandas gigantes também envolvem medidas com mamíferos, aves, répteis e plantas. Em 2013, a CAPS revelou que a proprietária do maior aquário do Reino Unido, Vida no Mar, destina menos de 3 centavos pagos por visitante para projetos de proteção in situ (conservação de plantas e animais em suas comunidades naturais)”, completou.
Exploração para entretenimento humano
Tratados como meros objetos em exposição, os animais mantidos por zoológicos em todo o mundo são privados de seus direitos básicos. Impedidos de viver em paz na natureza, eles são trocados, vendidos e doados entre os zoológicos como se fossem mercadorias.

Aprisionados em jaulas, vivem muitas vezes sob o cimento, em recintos pequenos e inadequados. Sofrem de solidão, desenvolvem depressão e vivenciam dias de angústia. Movimentos repetitivos que sinalizam o estresse ao qual são submetidos são comuns entre os animais que vivem nesses locais.
Para serem respeitados enquanto sujeitos de direito, esses animais deveriam ser transferidos para santuários. Capazes de fornecer condições melhores aos animais silvestres, os santuários possuem recintos amplos, com grama, enriquecimento ambiental, e todo o necessário para simular, da melhor maneira possível, o habitat das espécies.