Líderes mundiais se preparam para discutir o futuro do planeta na COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre o clima, que acontece em Belém (PA) em novembro deste ano. Mais do que nunca, as conversas devem partir do mesmo ponto: os efeitos da crise climática já deixaram de ser projeções de cientistas e entraram na rotina de milhões de pessoas. E já se estendem a aspectos da vida que não necessaríamente esperamos (pelo menos, não por agora). O preço do chocolate, por exemplo, bateu recordes históricos após secas nas regiões produtoras de cacau. O calor já empurra estudantes para fora da sala de aula. E a dengue chegou a locais onde o frio costumava servir como uma barreira ao mosquito. A lista vai longe.
“Os impactos na prática já são enormes”, diz Emily Theokritoff, pesquisadora em atribuição de danos climáticos no Grantham Institute, do Imperial College London (Inglaterra). “E eles não crescem de forma linear. Não é porque o risco aumenta 1% que o impacto sobe na mesma proporção; ele cresce muito mais rápido.”
A ciência chama esses efeitos cotidianos de impactos indiretos: consequências que não aparecem em mapas de desastres, mas se acumulam em índices econômicos, indicadores de saúde e hábitos de consumo. Estudos recentes mostram que, além de intensificar eventos extremos – como secas e enchentes – a mudança do clima, silenciosamente, está reconfigurando a economia global.
Um levantamento publicado na revista Nature Communications em 2023 estima que as perdas diretamente atribuíveis ao clima somem cerca de US$ 143 bilhões por ano – resultado de uma cadeia de mudanças que afeta a produtividade do trabalho, a segurança alimentar e o comércio internacional. Já uma revisão de 2025 publicada na revista Helyon mostra que variações de temperatura, umidade e chuvas já modificam a dinâmica de doenças infecciosas, aumentam a demanda energética e agravam impactos sobre a saúde e a produtividade.
No Brasil, de acordo com um estudo da Confederação Nacional de Municípios que se baseia em dados do Ministério do Desenvolvimento Regional, desastres causaram R$ 639,4 bilhões em prejuízos entre 2013 e 2023, atingindo cidades, infraestrutura e produção agrícola. Moral da história? O clima não é só uma variável ambiental, mas se tornou de vez um fator econômico e social.
Mesa desfalcada
Nenhum setor sente tão cedo – e tão diretamente – as oscilações do clima quanto a agricultura. Uma projeção publicada em 2021 na revista Nature Communications indica que o aquecimento global de 1,5 a 2°C até meados do século pode reduzir de 3 a 12% a produtividade média das principais culturas agrícolas globais. Já de acordo com o Fórum Econômico Mundial, mais da metade do PIB global depende diretamente da natureza e de seus serviços ecossistêmicos, o que torna a perda de biodiversidade e o estresse climático uma ameaça estrutural à economia do planeta.
Os efeitos do clima pesam especialmente em países como o Brasil, onde o agronegócio responde por quase um quarto do PIB. É o que explica o engenheiro agrônomo Guilherme Bastos, coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio da FGV (Fundação Getulio Var-gas). “Os produtos agropecuários acabam devolvendo o que acumulam de variações, e isso força uma elevação mais duradoura dos preços”.
Segundo Bastos, no setor de hortifrutigranjeiros – o elo mais próximo do consumidor – isso é ainda mais evidente, já que esses produtos são especialmente sensíveis às variações sutis do clima. Além dos alimentos básicos, o cacau é um dos maiores exemplos. O fruto, cuja florada depende de níveis específicos de umidade, teve a cotação internacional disparada após secas consecutivas na África Ocidental, principal região produtora do mundo. Em dezembro de 2024, a tonelada chegou a custar US$ 13 mil.
O café é outro queridinho que tende a ficar mais caro. Prova disso foram as secas de 2023, que fizeram o preço do grão aumentar 55% em agosto de 2024 no país. Estimativas apontam que, se o ritmo atual de aquecimento global se mantiver, até 75% das áreas hoje destinadas ao cultivo do café arábica no Brasil podem se tornar inviáveis economicamente.
Ondas de calor sucessivas e invernos mais curtos reduzem o período de descanso das plantas, comprometendo colheitas futuras. Secas prolongadas, por sua vez, intensificam a disputa por água e energia entre agricultura, indústria e consumo doméstico. O resultado é um ciclo de vulnerabilidade: menos chuva reduz a produtividade; a alta dos preços pressiona o custo de vida; e o próprio sistema agrícola – ao recorrer a queimadas, irrigação intensiva e desmatamento – devolve mais gases de efeito estufa à atmosfera.
Gatilhos de desigualdade
Em outro estudo, publicado em 2025 na revista Environmental Research Letters, pesquisadores europeus alertam que os extremos climáticos estão impulsionando crises sociais por meio do sistema alimentar. O grupo destaca que 2024 foi o ano mais quente já registrado – o primeiro em que as temperaturas globais ultrapassaram 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, com 1,6ºC de alta. E que os picos nos preços dos alimentos se tornaram o segundo impacto climático mais citado no mundo, atrás apenas do calor extremo.
O mesmo estudo (que faz as associações que você no gráfico a seguir) documenta aumentos abruptos, como o do repolho na Coreia do Sul (70%) no fim de 2024 e do cacau (300%) do oeste africano no mesmo ano, associados a secas e chuvas intensas sem precedentes. Esses choques, afirmam os autores, funcionam como gatilhos de desigualdade, sobrecarga dos sistemas de saúde e instabilidade econômica e política – riscos que devem se agravar se o aquecimento global seguir sua trajetória atual, e fazer a temperatura global média ficar entre 2,2 e 3,4 °C mais quente.
Venisse Schossler, doutora em geociências e integrante do Centro Polar e Climático da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), cita as enchentes em cidades gaúchas entre 2023 e 2024 para ilustrar como o clima aprofunda desigualdades sociais no Brasil. Bairros de baixa renda foram os mais afetados, perderam valor imobiliário e enfrentam dificuldade de recuperação até hoje.
“As pessoas que moravam nas áreas atingidas não querem mais ficar lá. Só que existe um grande problema: a desvalorização imobiliária desses locais”, explica. “As periferias foram as mais atingidas, justamente porque não têm a infraestrutura que um bairro de classe média tem. Agora, essas pessoas querem sair de lá, mas não conseguem vender seus imóveis porque ninguém quer comprar.”
Os efeitos sociais do clima não se restringem à renda ou à moradia, mas também ao trabalho e educação. De acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), até 2030, o estresse térmico causado pelo aumento das temperaturas pode resultar na perda de até 3,8% das horas de trabalho no mundo, o equivalente a 136 milhões de empregos em tempo integral e a perdas econômicas de US$ 2,4 trilhões.
No Brasil, um estudo publicado em fevereiro na Economics Letters mostrou que o calor também compromete o aprendizado. Com base em dados do Censo Escolar de mais de 30 mil escolas e 80 milhões de matrículas entre 2007 e 2016, os autores identificaram que o aumento na proporção de dias com temperaturas acima de 34°C eleva a evasão escolar em 5,1% – efeito restrito a escolas públicas urbanas, enquanto instituições privadas, com melhor infraestrutura, não apresentaram impacto significativo. O estudo conclui que o calor agrava desigualdades educacionais e reforça a necessidade de políticas que considerem os efeitos do clima sobre a aprendizagem.
Um “novo normal” escaldante
O desequilíbrio climático também modifica hábitos, rotinas e padrões de consumo. O comportamento humano (e, por tabela, o mercado) vem se ajustando a um novo regime térmico, em que as estações perdem nitidez e o calor deixa de ser exceção. O consumidor responde a essas variações sutis: liquidações de inverno se antecipam ou desaparecem, a procura por roupas sazonais se torna imprevisível e o varejo passa a lidar com sobras ou rupturas de estoque.
Um estudo publicado em 2021 na revista Meteorological Appli-cations mostrou que anomalias de temperatura em Nova York, nos EUA, podem deslocar em semanas o pico de busca por casacos, alterando o calendário do setor. Em climas tropicais, como o brasileiro, esse efeito tende a ser ainda mais difuso – com verões prolongados e “meias estações” cada vez menos reconhecíveis.
“Os invernos estão cada vez mais quentes. As pessoas sem pensar estão se adaptando: usam roupas de verão no inverno e não compram mais sobretudos, por exemplo. E as lojas não estão mais fazendo liquidações de verão e inverno”, afirma o climatologista José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Schossler chama atenção para mudanças graduais, menos visíveis, no comportamento urbano. O aumento de poucos graus na temperatura média reduz o conforto térmico, eleva o consumo de energia e altera padrões de deslocamento nas cidades.
Em uma análise de imagens de satélite da região da Floresta do Sabará – um pequeno remanescente da Mata Atlântica em Porto Alegre –, ela observou que, nos dias mais quentes do verão, a diferença entre a temperatura dentro da floresta e nas quadras vizinhas passa dos 10°C. A área arborizada ajuda a resfriar o entorno e a absorver a água das chuvas. “Os moradores têm plena noção de que a temperatura naquela região vai aumentar muito no momento em que eles removerem aquela floresta”, destaca.
O efeito se repete globalmente. Segundo pesquisa da Comissão Europeia, regiões com alta concentração de concreto e pouca vegetação funcionam como “ilhas de calor”, registrando picos de temperatura até 10°C superiores aos das zonas arborizadas.
Calor que adoece
O avanço do calor nas cidades e a perda de áreas verdes produzem efeitos em cascata. A revisão de 2025 da revista Helyon, que citamos acima, também mostrou que ondas de calor prolongadas estão associadas a aumentos expressivos nas hospitalizações por doenças respiratórias e cardiovasculares, especialmente entre idosos e populações urbanas de baixa renda. “As ondas de calor há muito tempo são conhecidas por serem subnotificadas. Também são consideradas assassinas silenciosas, porque não geram aquelas imagens horríveis de enchentes ou ciclones tropicais que destroem tudo. Mas, na verdade, elas são o evento extremo que mais mata pessoas”, diz Theokritoff.
Estima-se que as mortes por ondas de calor no Brasil custaram R$ 27 milhões por ano na última década. Os números vêm de um levantamento publicado na revista The Lancet em novembro de 2025, que considerou dados entre 2015 e 2024. O total do período representa um aumento de 249% em relação à década anterior.
Além dos impactos diretos do calor, ambientes mais quentes e úmidos também favorecem a proliferação de insetos e animais peçonhentos. O aumento da dengue, que atingiu recordes históricos no sul e sudeste em 2024, é reflexo direto da expansão do habitat do mosquito Aedes aegypti. Segundo o pesquisador em saúde pública Diego Ricardo Xavier, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), a doença “chegou para ficar” nessas regiões.
“O ovo do Aedes aegypti pode resistir até um ano esperando o momento ideal para eclodir. Em países e regiões com maior variação de temperatura, isso significa que o problema pode se instalar de forma permanente”, explica. “E há outro desafio: populações e serviços de saúde que nunca enfrentaram epidemias de dengue não estão preparados. Muitos profissionais estão habituados a lidar com outros tipos de viroses, e será preciso treinar as equipes para identificar e responder aos casos.”
Pesquisas recentes reforçam o alerta. Um estudo conduzido por pesquisadores de Stanford, Harvard, da Universidade Estadual do Arizona e do National Bureau of Economic Research, publicado em setembro na revista PNAS, estimou que cerca de 18% dos casos registrados nas últimas décadas em 21 países da Ásia e das Américas podem ser atribuídos ao aquecimento causado por atividades humanas. O risco tende a aumentar: até 2050, o número de infecções pode crescer até 76%, com regiões mais frias registrando o avanço mais acelerado da doença. 262 milhões de pessoas vivem em locais onde a incidência tende a mais do que dobrar até 2050.
Os efeitos do clima também atingem o campo emocional. Uma revisão publicada na BMC Psychiatry em 2024 identificou uma ligação entre o avanço das mudanças climáticas e o aumento de sintomas de ansiedade, depressão e estresse. Quanto maior a percepção de risco e perda ambiental, maior o sofrimento psicológico, apontaram os autores.
O desconforto psicológico causado pelas mudanças ambientais dá origem a outra sensação: solastalgia. Ela pode ser definida como uma forma de “saudade de casa sem sair de casa”, um retrato da dissonância emocional entre um ambiente antes familiar e que passa por transformação contínua. Pelo mundo, o fenômeno já provoca diminuição dos sentimentos de segurança, pertencimento e apego a locais de origem. E tende a ficar mais evidente com o aumento das migrações motivadas pelo clima extremo no futuro.
A parcela humana no clima
Se por um lado satélites conseguem mapear queimadas, tempestades e secas com precisão milimétrica, por outro é quase impossível quantificar o efeito acumulado de um verão mais longo sobre a inflação dos alimentos, o custo da energia ou o desempenho escolar de uma geração. Esse é o campo de pesquisa de cientistas como Theo Keeping, do consórcio internacional World Weather Attribution (WWA), que trabalha para transformar o que antes era intuição em evidência mensurável.
Keeping e sua equipe atuam no impact attribution, vertente da ciência climática que determina, com base estatística, o quanto um evento pode ser atribuído à influência humana no clima. A metodologia é comparativa: o WWA cruza dados meteorológicos, séries históricas e modelos climáticos para contrastar o mundo real com um cenário hipotético sem aquecimento global. Na prática, isso signifi- ca medir mudanças na intensidade de fenômenos específicos. Quão mais quente está uma onda de calor? Quão mais rápidas são as ve-locidades do vento em um ciclone? Quanto a mais choveu durante uma enchente? Essas perguntas orientam os chamados “métodos de atribuição de ameaça” (hazard attribution methods, do inglês).
“Costumamos perceber os efeitos das mudanças climáticas pelos extremos, mas nem sempre eles significam eventos mais intensos”, explica Keeping. “Alguns estão se tornando menos extremos, como as ondas de frio, que ficam cada vez menos intensas e menos frequentes conforme o planeta aquece. Em outras regiões, os ventos estão mais fortes; em outras, mais fracos. Ou seja, nem todo impacto é de aumento, mas quase sempre envolve algum tipo de alteração no comportamento desses eventos.”
O problema é que os impactos indiretos escapam às métricas tradicionais. As ciências do clima sempre lidaram com variáveis físicas, como temperatura, precipitação, vento e umidade. Os efeitos econômicos e sociais, no entanto, exigem dados de outra natureza: custo de seguros, variação de preços, indicadores de saúde, padrões migratórios. Ainda assim, nos últimos anos, algumas análises passaram a contemplar o cotidiano. O WWA já demonstrou, por exemplo, que o calor extremo que atingiu o sul da Europa em 2023 teria sido “quase impossível” sem o aquecimento causado pelo ho- mem. O mesmo ocorreu com as ondas de calor no Paquistão e na Índia um ano antes. Tudo isso prova mais uma vez que, apesar de o planeta passar por ciclos climáticos ao longo de sua história, a presença da humanidade acelera essas mudanças.
Como se preparar para o clima extremo?
O cenário das mudanças climáticas no Brasil é paradoxal. Ao mesmo tempo em que somos um dos países mais vulneráveis aos ex- tremos do clima, também somos um dos maiores exportadores de alimentos e combustíveis do planeta – atividades que ajudam a intensificar o problema. De acordo com o Observatório do Clima, 74% das emissões do país ainda têm origem direta ou indireta nas atividades agropecuárias, incluindo mudanças no uso do solo e desmatamento para pastagens. Mesmo quando as exportações crescem, como ocorreu com a soja e o milho em 2024, os custos de adaptação – irrigação, seguros, transporte e energia – sobem junto, corroendo margens e evidenciando a fragilidade do modelo.
Além dos impactos na agricultura, essa vulnerabilidade representa riscos para a matriz elétrica, da qual 55% é hídrica, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de 2024 – portanto, sensível a variações pluviométricas. Quando os reservatórios caem, o sistema elétrico recorre a termelétricas, elevando o custo da energia e as emissões de carbono. O mesmo calor que reduz a produtividade agrícola pressiona o sistema elétrico com picos de consumo, encarece a conta de luz e expõe a população ao risco de apagões ou racionamento.
No relatório Country Climate and Development Report: Brazil, de 2023, o Banco Mundial descreve que o país vive uma transição estrutural induzida pelo clima: o crescimento brasileiro depende cada vez mais da capacidade de alinhar produtividade, eficiência e mitigação. Essa transição já se manifesta na prática, ainda que de forma contraditória.
O climatologista do Cemaden cita como exemplo o plano ABC+, política para redução de emissões de carbono da agropecuária brasileira que estimula práticas sustentáveis, como integração lavoura-pecuária-floresta, recupe-ração de pastagens e manejo eficiente de solo e água. “É uma iniciativa que não existe em nenhum lugar do mundo. Mas o nosso calcanhar de Aquiles é a falta de registro dessas atividades. O Brasil tem um problema relacionado a dados que precisa mudar e encarar”, diz.
No todo, porém, somos um país que reage mais do que se an-tecipa. De acordo com o mesmo relatório do Banco Mundial, as políticas climáticas brasileiras ainda são predominantemente reativas: o país mobiliza grandes volumes de recursos após desastres, mas investe pouco em prevenção e adaptação de longo prazo. Um retrato desse descompasso está no uso das emendas parlamentares para a área ambiental: em outubro, o jornal Folha de S.Paulo revelou que desde 2021 cerca de R$ 135 milhões (54% do total) foram destinados à castração de cães e gatos, e não a ações de proteção ou mitigação climática.
Além disso, o Banco Mundial aponta falhas estruturais de planejamento e manutenção: a falta de investimento contínuo em infraestrutura, saneamento e gestão territorial aumenta o custo dos desastres e prolonga a recuperação. O relatório defende que cada real investido em prevenção pode evitar múltiplos gastos em reconstrução, e recomenda “recursos direcionados e reformas institucionais” para reduzir a exposição ao risco.
“Em geral, as pessoas só prestam atenção quando há um desastre, como o que vimos no Rio Grande do Sul ano passado, em São Sebastião (SP) em 2023 ou em Recife (PE) em 2022. Quando a situação volta ao normal, elas esquecem”, aponta Marengo. “Mas elas têm que entender que o clima está mudando e isso vai nos afetar no curto e longo prazo. Então, é melhor estarmos preparados”.
Fonte: Revista Galileu