Assim como os seres humanos, os grandes primatas também podem contrair doenças infecciosas, e é exatamente por isso que pesquisadores estão preocupados com a possibilidade desses animais serem contaminados com o novo coronavírus – o que poderia prejudicar as populações de chimpanzés, bonobos, gorilas e orangotangos.
Em entrevista à ONU na semana passada, o diretor e coordenador do programa “Great Apes Survival Partnership”, Johannes Refisch disse que é possível que essas espécies sejam suscetíveis ao novo coronavírus. A possibilidade existe porque chimpanzés selvagens já foram afetados por um coronavírus humano – OC43 – na Costa do Marfim.
“Os primatas podem ser infectados por muitos outros patógenos respiratórios humanos. Entre as pessoas, o vírus Sars CoV-2 é altamente infeccioso e pode sobreviver no ambiente por alguns dias. Sendo assim, devemos presumir que os macacos também são suscetíveis e impedir que sejam infectados”, explicou.
O que dificulta mais ainda a situação também é a inexistência de uma vacina contra o vírus. “E pode levar meses, se não anos, para que desenvolvam uma.”
Na tentativa de evitar que os primatas sejam deixados em situação de risco, a recomendação dos órgãos ligados à preservação de primatas é de que sejam interrompidas as visitas de humanos a esses animais nas áreas de conservação.
“A sobrevivência desses animais já está ameaçada pela perda de habitat, caça e outras doenças. O ebola – uma febre hemorrágica que afeta humanos e macacos –, por exemplo, tem até 95% de taxa de mortalidade em gorilas. E cálculos indicam que algumas dessas populações precisarão de mais de 130 anos para se recuperarem. A contração do Sars-CoV-2 poderia piorar esse quadro”, avalia Refisch.