Uma pesquisa recente realizada pela Dra. Mary Wakeham aponta que cerca de nove em cada 10 famílias vítimas de abuso e violência doméstica relatam que os animais domésticos também são alvos de maus-tratos. Em até 94% dos casos, cães, gatos e outras espécies domesticadas são, além de torturados, mortos como forma de ameaçar e coagir as vítimas humanas.
Os números divulgados pela cientista são compatíveis com um estudo anterior realizado pela organização Dogs Trust, que coordena um projeto que ampara mulheres e crianças que fogem de abusadores e precisam de abrigo para os seus animais domésticos. Até agora, a iniciativa já ajudou mais de 2.000 cães que sofriam maus-tratos ao lado de suas tutoras.
A porta-voz da Dogs Trust, Amy Hyde, lamenta a divulgação dos dados. “Infelizmente, esta nova pesquisa revelando outras ligações entre o abuso animal e o abuso doméstico não é chocante para nós. Vemos em primeira mão as inúmeras maneiras que os perpetradores usam os cães para coagir, controlar, ferir fisicamente e ameaçar em relacionamentos abusivos”, disse ao The Independent.
E completa: “Isso é incrivelmente assustador para os sobreviventes e geralmente tem como objetivo deixar as pessoas isoladas. Ouvimos falar de perpetradores que não deixam sobreviventes passearem com seus cães sozinhos, impedem-nos de ter acesso a cuidados veterinários para seus cães ou gastam dinheiro em comida de cachorro e até ameaçam machucar e matar seus cães”.
Ela pontua ainda que usar o animais como forma de coação é imoral e covarde sob todos os aspectos. “Para instilar medo e armadilhas, os perpetradores se aproveitam dos fortes laços que as pessoas têm com seus amados animais domésticos – tornando esses animais vulneráveis a abusos devido aos danos psicológicos e emocionais que isso causa”.
A Dogs Trust realizou uma pesquisa em 2019 com funcionários de abrigo e descobriu que pelo menos 97% de pessoas que lidam com animais resgatados afirmam que eles foram vítimas de abuso doméstico ou usados como forma de ameaçar as vítimas ou obter controle mental das mulheres e dos filhos a fim de evitar denúncias e exposições.
os números se tornaram particularmente alarmantes em razão da pandemia. A convivência doméstica mais intensa e forçada somada à crise econômica e mundial fez disparar os casos de maus-tratos e violência doméstica, incluindo pessoas e animais. O estudo tem como objetivo fomentar leis que protejam as vítimas de forma mais eficiente.