A Nova Zelândia proibirá as corridas de galgos a partir de 2026 devido aos índices “inaceitavelmente altos” de lesões e mortes entre os cães, anunciou o governo.
As corridas de galgos existem na Nova Zelândia desde o final do século XIX, mas diversos relatórios independentes identificaram um grande número de cães saudáveis que foram sacrificados por seus treinadores ou sofreram lesões graves nas pistas. Em 2021, o então governo trabalhista deu um ultimato à indústria: ou faria melhorias ou seria proibido.
O vice-primeiro-ministro e ministro das corridas, Winston Peters, declarou ontem (10/12) que a decisão de encerrar a indústria não foi tomada levianamente e foi impulsionada pela necessidade de proteger o bem-estar dos cães. Clubes e pistas serão fechados até o final de 2026. “Chegou a hora de tomarmos uma decisão em prol dos animais”, afirmou Peters.
A indústria será gradualmente encerrada nos próximos 20 meses para permitir um período de transição e o reencaminhamento dos cães. Uma legislação para impedir a morte desnecessária dos cachorros foi apresentada, enquanto a legislação para encerrar as corridas será introduzida em 2025.
Um comitê consultivo foi nomeado para gerenciar o reencaminhamento de 2.900 cães explorados em corridas, e o governo trabalhará com ONGs de direitos animais para apoiar esse processo, segundo Peters.
A Nova Zelândia é um dos poucos países onde as corridas comerciais de galgos ainda são permitidas, ao lado da Austrália, Irlanda, EUA e Reino Unido. Existem sete clubes de corridas de galgos e seis pistas no país, com cerca de 4.800 corridas realizadas no ano de 2023/24.
ONGs pelos direitos animais – que há muito pressionavam por mudanças – e partidos de oposição, como o Trabalhista e o Verde, elogiaram a medida. “O Partido Trabalhista está disposto a colaborar com o governo para garantir a implementação pontual da proibição”, disse Tangi Utikere, porta-voz de corridas do partido.
Steve Abel, porta-voz do Partido Verde para bem-estar animal e corridas, disse estar satisfeito que o governo tenha ouvido o público. “Relatórios sucessivos destacando a crueldade, maus-tratos e negligência na indústria foram ignorados por governos anteriores que empurravam o problema para frente”, disse Abel. “Reconhecemos a decisão decisiva do ministro Winston Peters de fazer o que deveria ter sido feito há anos.”
A Dra. Arnja Dale, diretora científica da ONG SPCA, também saudou a decisão. “Obrigada por ouvir as evidências, os especialistas e o público da Nova Zelândia. Obrigada por abrir caminho para que esses cães tenham uma vida digna”, disse Dale em um comunicado.