EnglishEspañolPortuguês

RISCOS À SAÚDE 

Nova raça híbrida de gatos que está se popularizando ao redor do mundo preocupa especialistas e ativistas 

Criada para se assemelhar ao cão XL bully, os gatos apresentarão, a longo prazo, problemas devido à falta de pelo e às pernas curtas

22 de outubro de 2024
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
A-
A+
Foto: Sviatoslav_Shevchenko/Shutterstock

Especialistas em bem-estar animal estão levantando alarmes sobre uma nova raça híbrida de gatos que surgiu, criada a partir da mistura de características de duas raças bem conhecidas: o sphynx sem pelos e o munchkin de pernas curtas. Esta raça está começando a se espalhar dos Estados Unidos para o Reino Unido, apesar das crescentes preocupações sobre a saúde e o bem-estar deles.

A raça foi projetada para se assemelhar ao cão XL bully, uma raça que já sofre por suas características extremas. Ao combinar o gene que causa a ausência de pelos nos gatos sphynx com o gene responsável pelas pernas curtas do munchkin, criadores produziram um gato que enfrentará sérios problemas de saúde e terá uma expectativa de vida significativamente menor. Especialistas sugerem que eles podem viver pelo menos seis anos a menos do que a média.

Apesar das preocupações, essa nova raça está ganhando popularidade nas redes sociais, com alguns criadores no Reino Unido já oferecendo os gatos para venda. No entanto, a atenção que estão recebendo está longe de ser positiva, já que ONGs apontam os sérios problemas de saúde que eles enfrentarão.

Um dos problemas observados é a ausência de bigodes, um problema já visto em gatos sphynx. Sem bigodes, os gatos têm dificuldades com tarefas básicas como comunicação e navegação.

Grace Carroll, especialista em comportamento e bem-estar animal da Queen’s University Belfast, na Irlanda do Norte, expressou suas preocupações sobre essa nova raça. Ela mencionou que os filhotes, que naturalmente têm dificuldade em regular sua temperatura corporal, enfrentam desafios adicionais devido à falta de pelos. Isso pode torná-los mais suscetíveis a infecções respiratórias e até mesmo causar queimaduras solares ou câncer de pele.

As pernas curtas da raça representam outra preocupação. De acordo com um porta-voz da Cats Protection, “as pernas curtas são um problema genético que pode levar à artrite dolorosa e causar problemas com sua mobilidade geral”. Essa característica física, embora atraente para alguns por razões estéticas, tem sérias consequências para a saúde e a qualidade de vida dos gatos a longo prazo.

A NatureWatch Foundation, um grupo dedicado a investigar questões de bem-estar animal, ecoou essas preocupações, chamando a introdução da raça no Reino Unido de “chocante”. Eles expressaram desapontamento com a crescente tendência de práticas de criação extremas, tanto em cães quanto agora em gatos, impulsionada pelo que veem como uma busca por lucro e popularidade nas redes sociais.

Nota da Redação: A criação de animais de raça, seja de cães ou gatos, para a comercialização precisa ser abolida. Raças criadas para atender a padrões estéticos extremos enfrentam sofrimento desnecessário durante toda a sua vida, desde dificuldades respiratórias e problemas articulares até menor expectativa de vida. A compra de animais em vez da adoção é conivente com um mercado que prioriza o lucro sobre a saúde e os direitos animais, incluindo aqueles que são forçados a se reproduzir muitas vezes. Adotar é um ato de compaixão que contribui para a redução da exploração e oferece uma chance de vida digna a milhares de cães e gatos que precisam de um lar.

    Você viu?

    Ir para o topo