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AVANÇO

Nova Lima (MG) firma compromisso climático histórico e se torna a primeira cidade da América Latina a aderir ao Tratado Plant Based

Assinatura ocorre em momento estratégico, às vésperas da COP30, e posiciona o município como referência global em políticas alimentares sustentáveis

22 de maio de 2025
Redação ANDA
5 min. de leitura
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Visão aérea de Nova Lima (MG). Foto: Prefeitura de Nova Lima/Flickr

Em um momento de profunda urgência climática, a cidade de Nova Lima, em Minas Gerais, assumiu uma liderança inédita no Brasil e na América Latina ao se tornar a primeira cidade da região a assinar o Plant Based Treaty, tratado internacional que propõe soluções alimentares necessárias e estruturantes para enfrentar a crise climática, promover justiça ambiental e climática e garantir um futuro verdadeiramente sustentável para todos.

Inspirado no Acordo de Paris, o Plant Based Treaty reconhece que os sistemas alimentares baseados na produção animal estão entre os maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, pelo desmatamento, pela perda de biodiversidade e pela injustiça social. A proposta do tratado é simples e inspiradora: impulsionar uma transição para sistemas alimentares mais éticos, saudáveis, acessíveis e sustentáveis, com foco na alimentação vegetal, na proteção dos animais e no respeito aos limites planetários.

A assinatura foi firmada em um momento bastante significativo: a seis meses da COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será sediada no Brasil, em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro. O compromisso de Nova Lima reforça, com clareza e consciência, que as cidades têm um papel decisivo na construção de um novo modelo de desenvolvimento sustentável e centrado na vida.

O documento estabelece compromissos ousados e transformadores. Entre eles, destaca-se o estímulo à produção e ao consumo de alimentos de origem vegetal, por meio de ações educativas, campanhas públicas de conscientização e o fortalecimento de programas escolares voltados para uma alimentação mais saudável e sustentável. Além disso, prevê o apoio à agroecologia e à agricultura familiar, valorizando os saberes tradicionais e oferecendo assistência técnica para promover modos de vida mais resilientes e equilibrados.

João Marcelo Dieguez Pereira. Foto: LinkedIn

Outro ponto central é a integração da segurança alimentar às estratégias de combate à crise climática, com práticas inclusivas, regenerativas e adaptadas às especificidades locais. O tratado também reconhece o bem-estar animal como um princípio orientador das políticas públicas, alinhando ética, saúde coletiva e justiça ambiental em um compromisso integrado e abrangente.

A iniciativa de Nova Lima foi formalizada por meio de uma Moção de Apoio assinada pelo prefeito João Marcelo Dieguez Pereira, que destacou a responsabilidade do município diante do cenário climático e da visibilidade que o Brasil terá na COP30. “Estamos adotando uma posição inequívoca em defesa da vida, da saúde coletiva, do futuro do planeta e da dignidade de todas as espécies.”

E completou, “a assinatura do Plant Based Treaty expressa nosso compromisso com um modelo de desenvolvimento que reconhece os limites do planeta e coloca a responsabilidade no centro das políticas públicas. Este é um momento estratégico, uma oportunidade histórica para o Brasil assumir protagonismo ambiental, e queremos que Nova Lima esteja na linha de frente dessa transformação.”

De acordo com o secretário de Meio Ambiente de Nova Lima, Gabriel Coutinho, a assinatura representa muito mais do que um simples ato simbólico: é a expressão concreta de uma política pública fundamentada em princípios sólidos. “Nosso compromisso com a sustentabilidade é autêntico e cotidiano. Enfrentar a crise climática demanda ousadia para inovar e abertura para evoluir. A adesão ao Plant Based Treaty reflete o caminho que Nova Lima vem trilhando com responsabilidade e empatia”, afirmou ele, que lidera iniciativas integradas como o Fórum Permanente de Proteção Animal e a Conferência Metropolitana de Defesa Animal. Para Coutinho, o exemplo da cidade carrega tanto motivação quanto um dever: “Dispomos de recursos, estrutura e engajamento social para exercer uma liderança coerente. Nosso objetivo é provar que é possível implementar um modelo de gestão ambiental renovado, justo e eficaz.”

Gabriel Coutinho. Foto: Instagram/@gabriel_biologo_geografia

Nova Lima, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte (MG) já vinha se destacando por suas políticas públicas inovadoras. Com a maior renda per capita do Brasil, o município combina urbanização planejada, conservação ambiental e ações de inclusão socioambiental. Programas como o Quintal Protegido, que incentiva a preservação da biodiversidade em espaços residenciais, e o CAPBEA, que oferece castração, microchipagem e atendimento veterinário gratuitos a animais de famílias em situação de vulnerabilidade, mostram como a cidade integra proteção animal e justiça social.

Outras ações relevantes incluem a recuperação de áreas degradadas, como a realizada no PRAD Jardins de Petrópolis, o fortalecimento de saberes tradicionais como os das Quitandeiras e a implementação de políticas alimentares saudáveis nas escolas públicas, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

A adesão de Nova Lima acontece em um momento de mudanças globais aceleradas, onde o protagonismo das cidades pode servir de exemplo decisivo para inspirar governos municipais, estaduais e federais. Para Anita Krajnc, coordenadora global do Plant Based Treaty, “Nova Lima abre caminhos para toda a América Latina. Seu exemplo demonstra que é possível liderar com coragem e sensibilidade diante da urgência climática e da necessidade de transformar nossos modelos de produção e consumo de alimentos.”

Silvana Andrade, fundadora da ANDA (Agência de Notícias de Direitos Animais), entusiasta e uma das representantes da campanha no Brasil, ressaltou a importância estratégica da adesão. “Nova Lima demonstra que é viável construir políticas públicas que transcendam a lógica econômica, priorizando a preservação da vida, o bem-estar coletivo e a equidade ambiental. Essa iniciativa ganha ainda mais relevância em um momento em que o Brasil está no centro das atenções globais, servindo de referência para processos concretos de transição justa. Trata-se de uma ação local com impacto e alcance internacional.”

Que essa iniciativa sirva de exemplo e estimule outras cidades brasileiras a adotarem compromissos climáticos arrojados, éticos e capazes de promover transformações reais. A cidade de Nova Lima se posiciona como pioneira, antecipando o futuro e construindo-o com coragem, responsabilidade e determinação.

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