O lémur-anão-lavasoa vive no Sudeste de Madagáscar e só deverá haver 50 animais deste primata.
No Sudeste da ilha de Madagáscar, na época das chuvas, as poucas dezenas de lémures-anões-lavasoa param de hibernar e tornam-se activos nas florestas. Em 2001, estes primatas foram observados pela primeira vez por um cientista, mas só agora se compreendeu que pertencem a uma espécie nova para a ciência. O artigo com a descoberta foi agora publicado na revista Molecular Phylogenetics and Evolution.
Madagáscar terá recebido há cerca de 60 milhões de anos a espécie de lémur antepassada das que hoje lá habitam. Não se sabe exactamente como é que lá chegou, mas teve oportunidade de prosperar e de se diversificar nas florestas distribuídas pela ilha – que tem 6,3 vezes o tamanho de Portugal – sem a competição de outros primatas que, entretanto, levaram à extinção as antigas espécies de lémures que viviam no continente africano.
Hoje, conhecem-se cerca de 100 espécies de lémures. Todas vivem em Madagáscar, à excepção de duas que habitam as ilhas Comores, mas que foram provavelmente introduzidas lá por pessoas.
A nova espécie Cheirogaleus lavasoensis é um lémur-anão que se pensava pertencer à espécie Cheirogaleus crossleyi. Mas investigadores do Instituto de Antropologia da Universidade Johannes Gutenberg em Mainz, na Alemanha, capturaram 51 lémures-anões em nove locais diferentes para lhes retirarem amostras de tecido. Os animais foram devolvidos à natureza. Com as amostras, os cientistas fizeram análises moleculares e genéticas, para compreender melhor a diversidade genética entre diferentes géneros de lémures.
“Fizemos uma análise exaustiva para examinar a diversidade genética de dois géneros de lémures que têm um parentesco próximo, o género Cheirogaleus (lémur-anão) e o Microcebus. A comparação revelou que a diversidade de lémures-anões era maior do que o que se pensava anteriormente”, explica em comunicado Dana Thiele, uma das autoras do artigo.
Dessa forma, a equipa identificou o Cheirogaleus lavasoensis. A espécie vive apenas em três pequenos fragmentos de floresta, isolados uns dos outros, e que ficam inundados na altura das chuvas quando este animal se torna activo. Uma estimativa preliminar da população aponta para a existência de apenas 50 indivíduos, o que coloca a espécie num risco extremo de extinção. A perda de habitat e a caça são duas ameças que fazem com que muitas espécies de lémures estejam à beira da extinção.
*Esta notícia está escrita em Português de Portugal
Fonte: Publico.pt