A bola foi descendo a toda velocidade a ladeira de paralelepípedos construída no tempo dos meus bisavós, quando as fotos eram todas branco e preto, com bordas brancas e desenhadas com tesoura de corte artístico. Quando os carros eram mais duros que os de hoje; duros de amassar e de andar. Quando as mulheres iam de chapéu para todo o lugar e quando os homens usavam luvas brancas quando queriam impressionar. Quando todo mundo do bairro se conhecia e deixava a porta destrancada (e às vezes até entreaberta) para o vizinho entrar e pegar um pedaço da torta de maçã ou de suco (ou os dois). Quando cão andava sem coleira e sem focinheira; e não acontecida de serem atropelados ou avançarem em alguém. Quando se via mais aves no céu, mais baleias e golfinhos no mar, mais ursos no pólo, mais animais na floresta, e mais floresta. Quando as casas tinham azulejo do lado de fora e jardins que pareciam ter vindo de algum filme do Steven Spielberg ou do James Cameron (lembrei do Avatar, que adorei). A bola foi indo, e só de ir indo, me contou essa história aí. Uma volta no tempo que fiz só de olhar a bolinha quicar ladeira abaixo.