No Egito Antigo, os gatos eram mais do que companheiros: eram símbolos de divindade, reverenciados como representantes de deuses, como Bastet, a deusa da fertilidade e proteção e frequentemente retratada como um gato. Inspirado por essa conexão milenar, o Museu de Xangai, na China, realizou um evento inédito e cativante: as “Noites do Meowseum”.
Foram dez noites, aos sábados, do verão até o outono no hemisfério Norte, nas quais os visitantes puderam levar seus bichanos para apreciar a exposição “No Topo da Pirâmide: a Civilização do Antigo Egito”. O sucesso foi absoluto, com os 200 ingressos destinados aos animais e os 2 mil para seus tutores esgotados rapidamente em cada noite.
“Xangai tem 24 milhões de pessoas e 1,3 milhão de gatos domésticos. Cada vez mais, há hotéis, restaurantes e parques que aceitam animais domésticos. Mas nunca vimos animais em museus antes, e acho que somos os primeiros globalmente. Foi uma boa sobreposição da sociedade egípcia e chinesa”, disse Chu Xiaobo, diretor do Museu de Xangai, ao The Art Newspaper.
Para garantir uma experiência segura e organizada, o local adotou medidas rigorosas: os gatos deviam permanecer em carrinhos ou bolsas, era preciso apresentar documentos de vacinação dos animais e os artefatos ficaram protegidos por vidros. Veterinários e representantes de bem-estar animal estavam no local, preparados para qualquer eventualidade. E, apesar de alguns gatos se soltarem ocasionalmente, nenhum incidente sério foi registrado.
“Não podemos fazer isso todos os dias, mas foi um alcance valioso: os donos de gatos agora têm uma afeição especial pelo Museu de Xangai”, destacou Xiaobo.
E muitos tutores apreciaram a ação. “Vi uma chance de conseguir ingressos, e ele gosta de sair”, disse a visitante Wen Liuli sobre seu gato Chaoge. “Eu teria ido de qualquer maneira, mas o trouxe, pois ele gosta de atividades e não há muitas coisas que possamos fazer juntos. Há parques para cães, brunches para cães, mas não há muito para os donos de gatos fazerem com seus animais domésticos”, salientou ao The Art Newspaper.
Outra tutora, Qiu Jiakai, declarou à Reuters: “É muito especial que você possa trazer um gato com você. Ouvi a introdução do narrador dizendo que muitos dos gatos domésticos de hoje são parentes dos gatos domesticados no antigo Egito. Então pensei que teria que trazer meu gato aqui para ver seus ancestrais e a deusa-gato.”
“No Topo da Pirâmide”
A exposição “No Topo da Pirâmide”, que ficará em cartaz até agosto de 2025 – mas os bichanos não poderão mais entrar – apresenta quase 800 artefatos de várias eras da história egípcia, incluindo muitas estátuas de gatos e outras imagens felinas.
“Equipes arqueológicas egípcias descobriram um templo de gatos em Saqqara e desenterraram muitas múmias e estátuas de gatos. Então, quando estávamos planejando o evento, tínhamos gatos como tema, e surgiu a ideia das “Noites de Meowseum”, contou anteriormente Li Feng, vice-diretor do Museu de Xangai.
A maior exposição temática já realizada pela instituição ocupa todas as três salas de exposição no piso térreo do museu, e é realizada em parceria com ministérios egípcios de antiguidades e turismo.
Fonte: Um Só Planeta