EnglishEspañolPortuguês

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

NOAA prevê temporada de furacões acima do normal em 2025

Oceanos aquecidos e manutenção de condições ENSO neutras aumentam o risco de tempestades severas entre junho e novembro, com até 5 grandes furacões previstos

26 de maio de 2025
6 min. de leitura
A-
A+
Furacão. Foto: NOAA/Handout/Getty Images

Meteorologistas do Serviço Nacional de Meteorologia da Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA, em inglês) preveem atividade de furacões acima do normal este ano. Para a temporada de furacões no Atlântico, que vai de 1º de junho a 30 de novembro, há 30% de chance de uma temporada quase normal, 60% de chance de uma temporada acima do normal e 10% de chance de uma temporada abaixo do normal.

Conforme divulgado pela agência, deverão ocorrer de 13 a 19 tempestades nomeadas (com ventos de 63 km/h ou mais) e, dessas, 6 a 10 poderão se tornar furacões (ventos de 119 km/h ou mais), incluindo 3 a 5 grandes furacões (categoria 3, 4 ou 5, com ventos de 178 km/h ou mais).

“Como testemunhamos no ano passado, com as inundações significativas causadas pelos furacões Helene e Debby, os impactos dos furacões podem atingir muito além das comunidades costeiras”, disse Laura Grimm, gerente interina da NOAA, em comunicado. “A NOAA é fundamental para a emissão de previsões e alertas precoces e precisos, e fornece a expertise científica necessária para salvar vidas e propriedades.”

Fatores que influenciam as previsões

A temporada deverá ser acima do normal devido a uma confluência de fatores, incluindo a manutenção de condições ENSO neutras. ENSO, ou El Niño-Oscilação Sul é, como explica Colin Zarzycki, professor associado de Meteorologia e Dinâmica Climática na Universidade Estadual da Pensilvânia, um ciclo climático que alterna entre três fases principais a cada poucos anos: El Niño, La Niña e um espaço neutro entre elas.

“Durante o El Niño, os ventos sobre o Atlântico, em altitudes elevadas na troposfera – entre 7.600 e 12.100 metros – se intensificam e podem interromper tempestades e furacões. O fenômeno La Niña, por outro lado, tende a reduzir esses ventos, facilitando a formação e o crescimento de tempestades”, escreveu ele em artigo publicado no The Conversation.

E acrescentou: “Estamos na fase neutra com o início da temporada de furacões de 2025, e provavelmente continuaremos assim por pelo menos mais alguns meses. Isso significa que os ventos de altitude não são particularmente hostis aos furacões, mas também não estão exatamente estendendo o tapete vermelho”.

Outras razões para a previsão da NOAA são: temperaturas oceânicas acima da média, previsões de ventos de cisalhamento fracos e o potencial de maior atividade da Monção da África Ocidental, um dos principais pontos de partida para furacões no Atlântico.

A agência disse ainda que a era de alta atividade continua na Bacia do Atlântico, com alto teor de calor no oceano e ventos alísios reduzidos – o maior teor de calor fornece mais energia para alimentar o desenvolvimento de tempestades, enquanto ventos mais fracos permitem que as tempestades se desenvolvam sem interrupções.

Ken Graham, diretor do Serviço Nacional de Meteorologia, observou ao Euronews que o calor do oceano em 2025 não é tão alto quanto no ano passado, mas ainda assim é o suficiente para a previsão de tempo ruim. “Tudo está pronto para uma temporada acima da média”, afirmou.

Outra observação é que esta temporada de furacões também apresenta o potencial de uma mudança para o norte das monções da África Ocidental, produzindo ondas tropicais que podem gerar algumas das tempestades mais fortes e duradouras do Atlântico.

De acordo com Zarzycki, os locais onde as tempestades têm maior probabilidade de se formar e atingir a costa mudam ao longo do ano. “No início do verão, o Golfo do México aquece mais rápido do que o Atlântico aberto, tornando-se um ponto crítico para o desenvolvimento de tempestades tropicais no início da temporada, especialmente em junho e julho. A costa do Texas, a Louisiana e o Panhandle da Flórida costumam enfrentar um risco maior no início da temporada do que as regiões ao longo da costa leste”, salientou.

Em agosto e setembro, ele acrescentou, a temporada atinge seu pico – é quando as ondas que se deslocam da costa da África se tornam a principal fonte de tempestades. “Essas tempestades de trajetória longa são às vezes chamadas de ‘furacões de Cabo Verde’ porque se originam perto das Ilhas de Cabo Verde, na costa africana. Enquanto muitas permanecem em mar aberto, outras podem ganhar força e seguir em direção ao Caribe, Flórida ou às Carolinas.”

Mais tarde na temporada de furacões, é mais provável que tempestades se formem no Atlântico Ocidental ou no Caribe, onde as águas ainda estão quentes e os ventos de alta altitude permanecem favoráveis. “Esses sistemas de fim de temporada têm maior probabilidade de seguir trajetórias atípicas, como Sandy fez em 2012, quando atingiu a região da cidade de Nova York, e Milton em 2024, antes de atingir a Flórida”, completou o professor.

Mais previsões

Além da NOAA, outros grupos privados, públicos e acadêmicos fizeram previsões para a próxima temporada de furacões. Pela média, 2025 será realmente movimentado, com 16 tempestades nomeadas, oito das quais devem se tornar furacões e quatro grandes furacões.

Phil Klotzbach, que coordena o programa de previsão do tempo da Universidade Estadual do Colorado, prevê 17 tempestades, nove furacões e quatro grandes tempestades.

“Pelo menos não estamos prevendo um Atlântico extremamente quente como no ano passado nesta mesma época”, disse ele ao Euronews. “Ainda estamos bem quentinhos por aí. Então, não estou nada feliz com 2025”, finalizou.

Fonte: Um só Planeta

    Você viu?

    Ir para o topo