Mesmo sob ruínas, um abrigo improvisado em uma tenda segue como um dos últimos refúgios para animais feridos e famintos na Faixa de Gaza. Em um território marcado pela destruição e pela escassez absoluta, voluntários permanecem cuidando de cães, gatos, burros e cavalos que também se tornaram vítimas diretas da violência humana.
Em Deir al-Balah, animais mutilados se movem entre lonas rasgadas e chão coberto de poeira. Cães com apenas três patas caminham em busca de cuidados. Filhotes choram enquanto recebem atendimento emergencial feito com o que ainda existe. Na ausência de insumos veterinários, medicamentos vencidos ou remédios destinados a humanos tornam-se a única alternativa possível.
A fome que assola a população também alcança os animais. Quando nenhuma ajuda chega, arroz, macarrão e latas de atum são divididos entre todos para evitar mortes por inanição. Estimativas indicam que a maioria dos animais foi eliminada pelos bombardeios, privação de alimento e colapso dos sistemas básicos. Burros e cavalos tornaram-se raros. Cães e gatos abandonados vagam pelas ruas ou chegam aos abrigos em estado crítico, com desnutrição severa, infecções generalizadas e o sistema imunológico comprometido.
Ainda assim, há resistência. Veterinários e cuidadores seguem atuando sob risco permanente, conscientes de que proteger vidas animais em um cenário de aniquilação é um ato ético e político. Alguns já perderam a vida tentando salvar outras. Outros continuam trabalhando entre o luto, o medo e a urgência, recusando-se a abandonar quem não pode fugir nem se defender.
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Proteger esses seres não é um detalhe secundário da tragédia. É parte essencial da luta pela vida, pela dignidade e pelos direitos animais. Como afirma Saeed Al-Aar, fundador da Sulala Animal Rescue, “eles vivem com medo e horror, assim como nós”.