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COMPANHIA

No 'Dia Mundial do Cachorro', empresas abrem as portas para receber animais com o seus tutores

26 de agosto de 2022
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Foto: Pixabay

Já imaginou estar no escritório e poder tirar um tempo para caminhar ou fazer carinho no seu animal? Ou encontrar cachorros e gatos nos corredores da empresa? Com o retorno ao trabalho presencial, muitas companhias passaram a reconhecer os animais como membros da família dos funcionários e criar benefícios para eles. Os animais já podem acompanhar os tutores até o trabalho e ficar com eles ao longo de toda a jornada. Algumas empresas permitem até que se tire licença durante o período de adaptação do novo animal.

O movimento é resultado direto da pandemia, que potencializou as relações entre tutores e animais nos meses de forte restrições sanitárias e isolamento social. Muitas pessoas reconheceram no animal sua única companhia, fonte de apoio mental e de felicidade nos momentos de solidão.

Levantamento feito pelo “Radar Pet 2021”, que entrevistou 750 tutores, mostrou que 30% dos animais foram adotados durante o período pandêmico.

Companhia para solidão

Foi assim com Maitê Carvalho, que trabalha no time de marketing da Nestlé Brasil. A sua cachorra Madalena chegou no momento mais difícil da vida dela. Com as duas irmãs morando longe, o início da pandemia coincidiu com um diagnóstico de câncer da mãe.

“A Madalena foi a companhia que eu encontrei para passar tudo isso comigo. Eu não conseguiria sozinha e ela foi essencial durante esse momento.”

Quando as atividades presenciais voltaram, Maitê e a Madalena sentiram o impacto da mudança de rotina. Segundo ela, na primeira semana a cadela chorava todos os dias.

A diretora de total rewards da Nestlé Brasil, Katia Regina, explica que no retorno presencial foi possível observar uma preocupação crescente nos funcionários com os seus animais em casa, principalmente de quem mora sozinho.

“Com a intenção de diminuir esse estresse, a gente abriu as portas da empresa para que eles estivessem juntos. Quando as pessoas estão perto dos animais, tendem a estar menos estressadas e se sentirem mais felizes. Elas sorriem mais, criam novas conexões e o ambiente se torna mais agradável para trabalhar. A partir do momento que você traz os animais, até a questão do sedentarismo melhora. O animal exige movimento até no escritório.”

Adaptações no ambiente de trabalho

A divisão de “pet food da BRF” vai começar a abrir suas portas para os animais a partir dessa sexta-feira, dia Mundial do Cachorro. Por enquanto, a iniciativa será restrita apenas aos cachorros e ao último dia da semana, mas a empresa pretende estender isso até 2023.

“Os custos com essa iniciativa são ínfimos. É preciso fazer algumas adaptações no ambiente sim, mas é muito mais difícil gerar engajamento no ambiente de trabalho. A retenção de talento e engajamento que essa mudança vai trazer não é mensurável porque os benefícios são gigantes”, explica Amanda Capucho, diretora da BRF Pet.

De acordo com ela, cerca de 56% dos colaboradores da empresa possuem animais.

“A troca de afetos com o animal tem um efeito terapêutico nas pessoas. No trabalho, acaba deixando o ambiente mais leve e divertido e isso estimula a criatividade à medida que diminui o estresse dos colaboradores”, explica Jamile Ferraresso, psicóloga e especialista em Recursos Humanos.

Para a Katia Regina da Nestlé Brasil, esse tipo de benefício também é uma forma de incentivar os funcionários a continuarem na empresa. De acordo com ela, uma pesquisa feita pelo departamento de benefícios ouviu mais de sete mil pessoas e constatou que o tema animal estava entre o 4º e 5º elemento mais valorizado pelos empregados.

Para Maitê, ter as portas da Nestlé abertas para os cachorros foi essencial para ela e para a Madalena, que chama de sua “filhote Covid”, por ter sido adotada na pandemia.

Melhora na comunicação

Com o isolamento, a cachorra teve pouca interação e contato com outros animais, e a empresa se tornou um espaço para isso. Além de proporcionar um convívio social para sua cadela de dois anos, a iniciativa também permitiu que Maitê criasse novas conexões no ambiente de trabalho.

“Você começa a conhecer e falar com pessoas que não tinha contato antes por causa dos cachorros. Sem contar que é superdivertido porque os animais não se importam com a hierarquia, o que proporciona diversos momentos descontraídos no dia a dia”.

O veterinário e educador de cães Henrique Perdigão lembra que é preciso ter cuidado ao incluir os cachorros em todos os processos da vida.

“O animal pode gerar um hiperapego e uma dependência da presença do tutor. Com isso, quando o tutor precisa deixar o animal sozinho, o cachorro desenvolve uma ansiedade de separação. Crises como essas representam 90% dos casos que eu atendo. Animais que vieram na pandemia, que ficaram condicionados a passarem todo o tempo com seus tutores no home office e que agora, que isso não acontece com a mesma frequência, o animal toma atitudes desesperadas para chamar atenção. Tem casos em que o cão se mutila, faz cocô fora do lugar, late, destrói móveis. Então, é preciso ter muito cuidado com isso”.

Licença ‘PETernidade’

Com o objetivo de reconhecer os animais como parte da família de seus colaboradores, a empresa Môre Talent Tech passou a oferecer uma licença para os funcionários que adotassem um novo animal. O benefício de três dias pode ser concedido pela empresa duas vezes por ano.

“Nós temos um time muito diverso, 76% dos nossos colaboradores possuem famílias multiespécies. Então começamos a pensar “por que não temos nenhum benefício direcionado para esses membros?”, conta Beta Philadelpho, sócia da Môre Talent Tech.

Beta explica que muitas reuniões foram feitas para criar um sistema que pudesse atender os animais sem prejudicar a empresa. Por isso, os funcionários precisam avisar com antecedência a adoção do animal e comunicar qual o dia da chegada dele.

“Diversidade também inclui respeitar os novos modelos de família. E os animais são membros das famílias das pessoas”, diz Kátia Regina.

Fonte: Yahoo Notícias

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