“Toda INDIVIDUALIDADE é importante para o TODO funcionar.”
Todo final de ano é a mesma coisa animais abandonados nas ruas e ONGS por que seus “donos” estão preocupados em aproveitar as “festas de CONFRATERNIZAÇÃO” ou em “viajar em férias com a FAMÍLIA”. Mas é muito hipócrita a atitude de se esquecer que os animais que vivem em seu convívio também merecem o “AMOR DO NATAL”, e pior, esquecem com grande facilidade que eles, seus mascotes, “FAZEM PARTE DA FAMÍLIA”.
Em um mês normal, geralmente aparecem quatro a cinco pessoas querendo fazer “eutanásia” em seus animais. A maioria deles é simplesmente por que os animais estão velhos e “dão trabalho” para seus “donos”, muito poucos realmente estão com doenças incuráveis e em situações de sofrimento onde as medicações não fazem mais efeito. Muitas vezes mesmo em anestesia profunda continuam a ter convulsões e espasmos, assim nesses poucos casos fazemos uma exceção e praticamos a eutanásia, mas na maioria das vezes indicamos algum tratamento seja alopático ou alternativo.
Imaginem que nesse mês de dezembro de quatro a cinco pessoas querendo fazer eutanásia em seu animal saltou para vinte oito. Dessas vinte e oito, só duas realmente tinham um motivo plausível para pensar nessa hipótese, as outras simplesmente queriam se livrar dos animais para poder “curtir as festas de final de ano e as férias”.
A maioria queria “se livrar” de “ALGO” que estava atrapalhando sua diversão natalina. Eram pessoas cujos animais já idosos tinham dificuldade para andar, enxergar, ouvir, e outras alterações causadas pelo desgaste dos anos. Como seus “donos” tinham que “gastar muito tempo” lhes dando atenção, aproveitaram essa época de “confraternização”, para descartar o “problema”.
Muito triste ver um animal que dedicou 10, 12, até 18 anos de sua vida a uma família sendo descartado como se fosse um móvel quebrado. Imaginar que durante esse tempo eles deram seu amor incondicional e mais que isso, muitos defenderam suas famílias contra violências e assaltos, e agora que estão velhos são descartados.
Outras pessoas vieram também procurar a eutanásia não por causa da idade, mas por que seu animal se apresentava doente e necessitava de tratamento que lhe tomava o precioso tempo de suas férias e os impedia de ir viajar. Quando não conseguiam seu objetivo de extermínio encontravam lugares para os deixarem internados, mesmo sem necessidade.
Um senhor com um labrador de 5 anos queria fazer eutanásia em seu animal por que ele estava com displasia coxofemoral, como dizem por aí: “descadeirado”, e que não estava melhorando, pois ele não conseguia dar os remédios indicados para o animal dar muito trabalho para engolir. Soa como blasfêmia, mas é a realidade!
Vivemos em uma sociedade que “coisifica” tudo e todos! Sentimentos, emoções e relacionamentos se tornam coisas, que podem ser ligadas e desligadas com um ligar e desligar de botão.
Todos se tornam “coisas” a serem usadas e usufruídas e quando não servem mais são descartadas sem nenhum remorso!
Os pais “descartam” as crianças em frente à televisão ou em creches onde ficam a maior parte de seu dia, e quando estão em casa e tem que conviver com elas colocam um desenho para elas assistirem ou as deixam jogando vídeo game e brincando com o celular.
Crianças que são herdeiras da sua indiferença! Que quando seus pais ficarem idosos “e derem trabalho” faram a mesma coisa, os colocarão em asilos e nas poucas horas de visita deixaram clara a falta de interesse em estarem com eles.
Em todo lugar se vê esse desprezo pelo semelhante. Em tempos de internet todos são amigos, mas é só se discordar de uma ideia, que as mensagens se calam.
Os relacionamentos tendem a se acabar ou se manterem na superficialidade, pois é sempre a mesma coisa, se começa a “dar trabalho” melhor me livrar do problema. Enquanto os relacionamentos são sorrisos e alegrias tudo vai bem, mas quando uma das partes “dá trabalho” apresentando uma cobrança, pedindo uma reflexão para uma mudança de atitude, que muitas vezes é algo que trará o crescimento do relacionamento e de cada um de seus participantes, é descartado descaradamente.
Um filhotinho quando chega a uma família, é bonitinho, fofinho, agrada aos olhos, alegra a casa, é uma alegria só. Passa o tempo ele oferece um amor incondicional, sem cobranças sendo só doação, seu “tutor” tem uma companhia agradável e muitas vezes “útil” de varias maneiras, defendendo a casa de assaltantes, sendo seu companheiro de passeios, seu amigo nas horas difíceis e em muitas situações é a única família ou amigo que ele tem.
Mas o tempo vai passando e seu tutor vai conhecendo pessoas faz amigos, tem relacionamentos, e aquele que era seu companheiro inseparável vai se tornando um fardo. Aquele que dormia em sua cama e vivia em seus braços, agora fica renegado ao quintal e quando vem demonstrar sua alegria ao ver seu amigo é rechaçado a tapas e berros. Quanta ingratidão, desrespeito e maldade.
Vem o pior, o animal vai ficando velho, vai enfraquecendo e muitas vezes morre a míngua sem que seu “dono” nem perceba que está doente, pois nem se quer presta mais atenção naquele que deu uma vida de amor por ele. Muitos que adoecem de forma mais lenta, demonstram sua doença que é percebida quando os sintomas começam a atrapalham a vida de seu “dono”.
São levados ao veterinário após varias tentativas de automedicação indicadas por “dicas” encontradas na internet. Consultados, o tratamento é passado, se a recuperação é rápida, mais alguns meses são ganhos, se o tratamento é difícil ou a melhora não acontece a “eutanásia” já é cogitada!
Quanta tristeza e ingratidão! Quantas oportunidades de aprendizado são perdidas quando desistimos por preguiça e má vontade! E isso vale em relação a tudo e todos! Quantos amigos humanos ou animais afastamos de nossas vidas por que “dá trabalho” conviver com eles. Por que nos fazem repensar e mudar nossas atitudes para enfrentarmos situações diferentes.
Ninguém, humano ou animal é descartável! Todo relacionamento tem coisas boas e ruins, mas tanto em uma, quanto em outra situação existe um aprendizado e uma evolução! Esse aprendizado só não existe quando desistimos!
“A solidão é boa somente para refletir, porque, sem dúvida, fomos criados para viver uns com os outros.” “Ninguém cruza nosso caminho por acaso e nós não entramos na vida de alguém sem nenhuma razão.” -.Chico Xavier.