EnglishEspañolPortuguês

INTOLERÂNCIA

Nervoso com o primeiro dia, cãozinho é reprovado em creche e impedido de retornar; tutores protestam

7 de março de 2023
4 min. de leitura
A-
A+
Foto: Divulgação | Arquivo pessoal

Era início de 2021 quando a médica Fernanda K., de 34 anos, e o advogado Rafael M., de 40, resolveram adotar um cachorro. Na época, ela era residente médica em Campo Grande (MS) e tinha uma carga horária de trabalho muito extensa.

Por isso, Bob Fernandes ficava a maior parte do tempo em casa com Rafael, que trabalhava em home office. Hoje, o cãozinho tem dois anos.

“Ele é um cachorro com muita energia. Mesmo passeando todos os dias, ele cavava buracos, mordia as coisas, engolia. E aí a gente descobriu o serviço de creche, onde ele teria oportunidade de gastar energia e interagir com outros cães”, conta Fernanda.

Neste primeiro local, Bob se adaptou facilmente e gostava muito dos profissionais. Como os tutores viajavam bastante, ele chegou a passar períodos maiores na creche — o que era uma diversão para ele. Bob participou, inclusive, de eventos de Carnaval e Halloween.

“Era divertido para a gente também, enquanto pais de cachorro. Tinham um carinho especial por ele e isso deixava a gente tranquilo”, lembra a médica.

Com o término da residência no final de 2022, Fernanda passou em um concurso e a família decidiu se mudar para o Rio Grande do Sul.

Tivemos todo o problema de nova instalação, conseguir hotel que aceitasse animais, porque não queríamos deixar o Bob para trás. Nessa jornada, ele ficou com a gente 24 horas por dia, muito grudadinho.

Foto: Divulgação | Arquivo pessoal

Pouco tempo depois, o casal se instalou em um apartamento e decidiu procurar uma nova creche para o Bob, um lugar que oferecesse um serviço semelhante ao que tinham em Campos Grande (MS).

Fizemos a entrega do Bob neste local, até postaram que ele estava sendo avaliado. Pelo feedback que foi dado ao Rafa, aparentemente estava tudo bem. Não parecia que seria problemático.

No áudio, enviado para o Rafael, a funcionária deu um posicionamento positivo sobre o comportamento do animal.

“O Bob já se acalmou, chorou um pouco, deu uns latidos. Mas isso é supernormal. Ele está tranquilo, sentou ao meu lado. Tudo certo por enquanto. Vamos levar ele para conhecer o ambiente”, disse. Depois, a creche mandou áudios e vídeos porque Bob estava rosnando.

Ele não mordeu e nem avançou em ninguém, mas rosnava quando tentavam mexer com ele. Ele sempre foi mais na dele, interage bem com outros cães, mas não gosta que manipulem ele. Isso nunca foi um problema, ele é um cachorro. Mas acharam que isso poderia ser prejudicial para o ambiente.

A justificativa dada pela instituição foi de que Bob se comportou de maneira agressiva por conta das rosnadas. Por isso, não estaria pronto para socializar com os cães de lá. Para fazer parte da turma, ele teria que estar pronto — indicaram, inclusive, um comportamentalista animal.

Foto: Divulgação | Arquivo pessoal

Repercussão nas redes sociais

A história de Bob foi para nas redes sociais e ganhou apoio dos internautas. “Ficamos chateados, claro, e eu fiz o que tinha por hábito: reclamei na internet. Só não imaginava a repercussão. Várias celebridades compartilhando, se solidarizando, muitas mensagens amorosas e engraçadas nas nossas redes sociais, assim como algumas repercussões negativas se referindo a inteligência do Bob.”

Não foi a primeira vez que as redes sociais “ajudaram” Fernanda com Bob. Por serem ativos no Twitter, a rede teve papel fundamental até mesmo na escolha do nome dele: eles abriram uma enquete com opções, com base em três personalidades que o casal admirava.

O jornalista Bob Fernandes, um dos homenageados, abraçou a votação e fez campanha para que o cachorro levasse seu nome — o que aconteceu.

A creche anterior de Bob chegou a analisar a situação e se prontificou a falar sobre o comportamento do animal para a outra escola.

“Não posso julgar os critérios da outra creche, mas pelos vídeos não justifica. O Bob não é muito de contato físico mesmo, logo teriam percebido. Mas, por aqui, NUNCA brigou com outro cão. Os sinais dele são de evitação”, relataram aos tutores.

Fernanda e Rafael optaram por não divulgar o nome da escola que recusou Bob Fernandes porque eles não têm a intenção de prejudicar o dono e seu estabelecimento.

“Não quisemos nem divulgar os áudios porque a responsável fala o nome. Mas ficou bastante claro para a gente que o local talvez não estivesse preparado para lidar com os cães em seus mais diversos comportamentos”, finaliza Fernanda.

Fonte: UOL

    Você viu?

    Ir para o topo