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INCLUSÃO

National Geographic lança ‘O Amigo dos Animais’, série adaptada para pessoas autistas

Seriado estreia neste domingo, 2, Dia Mundial de Conscientização do Autismo; produção é apresentada por Antônio Ripoll, jovem autista e amplo conhecedor de animais da América Central e do Sul

2 de abril de 2023
3 min. de leitura
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Foto: National Geographic/Divulgação

No Dia Mundial da Conscientização do Autismo, a National Geographic escolheu lançar uma série que mescla a relação dos seres humanos com a natureza e com a conscientização do espectro autista. O Amigo dos Animais estreia neste domingo, 2, às 21h, no canal, com filmagens totalmente inclusivas a pessoas com TEA.

A produção é apresentada por Antônio Ripoll, um jovem autista e amplo conhecedor das espécies animais que habitam a América Central e do Sul. Nascido no Uruguai, Antônio conta que sua história com a natureza não começou como muitos devem imaginar.

O apresentador cresceu no grande centro urbano de Montevideo, uma cidade “desconectada da natureza”, e em um país que, segundo ele, é um dos locais que mais perdeu o habitat natural na América do Sul.

A relação com o meio-ambiente começou como uma busca por uma “válvula de escape”. Antônio tem síndrome de Asperger, condição que faz parte do espectro autista.

Antônio Ripoll, jovem autista e amplo conhecedor das espécies da América Central e do Sul, é apresentador de ‘O Amigo dos Animais’. Foto: National Geographic/Divulgação
Não vejo a síndrome como uma forma de ser diferente, mas sim como uma forma de ser eu mesmo.”

Antônio Ripoll

Na época em que passou a se interessar pela natureza, ele ainda não tinha recebido o diagnóstico. “Meus colegas e meus professores não tinham ideia do que era. Estamos falando em uma época em que nem a palavra ‘bullying’ existia”, diz ele, que conta ter vivido momentos tão difíceis que não podia nem disfrutar da aprendizagem no colégio.

O apresentador relata que, como toda criança, era “curioso por natureza” e sentiu a necessidade de encontrar algo para aprender sobre. Foi através de livros e documentários que Antônio descobriu o reino animal e passou a estudar o assunto a fundo, começando pelos pinguins.

Na série de dez episódios, Antônio procura não se restringir a “dados enciclopédicos”, mas provocar reflexões sobre emoções, vínculos, confiança, autoestima, perseverança e paciência humanas. “É bom antropomorfizar o que não está ao seu alcance. Mas, nesse caso, tentamos chegar o mais próximo desse limite, sem ultrapassá-lo, para inspirar um mundo mais igualitário para humanos e animais”, comenta o apresentador.

Filmagens foram feitas seguindo técnicas específicas para pessoas autistas

‘O Amigo dos Animais’ foi gravada com técnicas específicas para a inclusão de telespectadores autistas. Foto: National Geographic/Divulgação

O Amigo dos Animais foi produzido pela produtora uruguaia Fusión, especializada em gerar conteúdos que também incluem pessoas do espectro autista. Antônio conta que, além das adaptações durante as filmagens, a equipe envolvida na série também contou com profissionais como psicólogas, psicomotricistas e fonoaudiólogas.

Dentre os recursos utilizados, estão os pictogramas, que facilita a compreensão de conceitos importantes e complexos através da linguagem visual. “Os pictogramas foram escolhidos para fazer proveito da incrível memória visual que podemos ter”, explica o apresentador.

Além disso, para evitar gatilhos para a ansiedade em pessoas com TEA, a equipe se dedicou a usar uma lineariedade temporal na narração, olhares para a câmera e recursos literais. A série traz apenas músicas verificadas e o uso de muitos estímulos visuais e auditivos foi evitado para não gerar uma sobrecarga sensorial nas pessoas que assistirem à produção.

Antônio comenta que não apenas a National Geographic, mas todas as plataformas – e a sociedade, no geral – deveriam se dedicar à criação de conteúdos adaptados. É preciso, segundo ele, entender o quanto o sistema educativo está obsoleto.

“É importante tentar garantir um mundo mais inclusivo, porque isso também o tornará mais brilhante. [A inclusão] é mais uma peça no quebra-cabeça da humanidade e do planeta Terra”, observa. “Afinal, como vamos proteger a natureza se não protegemos a nós mesmos?”, questiona o apresentador.

 

Fonte: Estadão

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