O Natal não é uma boa época para a adoção de animais. A justificativa é que muitas pessoas manifestam o desejo de “dar” ou de “receber” um animalzinho, normalmente um cão ou gato, de forma impulsiva e irrefletida.
Com isso há uma equivocada associação de cães e gatos com presentes, não com seres vivos que precisam de tutela para a vida toda – o que inclui respeito, atenção, carinho e algumas despesas. Afinal, um animal não é um objeto ou brinquedo, mas sim uma vida com necessidades bem específicas.
Na Alemanha, uma semana antes do Natal os abrigos costumam interromper as adoções, retomadas somente no final de dezembro ou mesmo em janeiro. Por que isso é feito? Porque dois ou três meses após o Natal muitos animais são devolvidos e abandonados. As pessoas “enjoam deles”. A realidade no Brasil, onde temos mais de 30 milhões de cães e gatos abandonados, não é diferente. Na realidade, é muito preocupante.
A ideia de presentear alguém no Natal com um cãozinho ou um gatinho pode reforçar a ideia de que um animal é um bem passível de descarte. Há uma forte e ainda equivocada crença de que um animal pode substituir um brinquedo ou qualquer outro objeto com um prazo de validade que independe da nossa vontade. E se o beneficiado for uma criança, por exemplo, ela pode achar que está tudo bem em enjoar do animal e deixá-lo de lado, assim como faria com algum brinquedo eletrônico.
Claro, qualquer pessoa pode qualificar a presença de um animal doméstico como um presente em sua vida, mas o problema surge quando a ideia de presente traz o inerente e comum conceito de objetificação, porque nesse caso a desconsideração pela vida não humana e o abandono infelizmente são apenas uma questão de tempo.
É imprescindível o entendimento de que adotar um animal é um compromisso de responsabilidade para a vida toda dele, já que animais domésticos demandam cuidados humanos. Ademais, a situação piora um pouco mais quando o presente de Natal é um animal comprado, porque nesse caso, além de investir na procriação condicionada e até forçada de animais (que inclusive afeta a expectativa de vida), ignora-se os milhões de animais abandonados que anseiam por um lar.