Depois de meses de trabalho duro e muita entrega para salvar as búfalas vítimas de maus-tratos na fazenda Água Sumida, em Brotas, São Paulo, os ativistas e equipes de salvamento viram a esperança renascer no local. Duas búfalas deram à luz nessa semana, a um casal de filhotes, que nasceu na segunda-feira (3). No mesmo dia, o relatório da perícia ambiental da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (UNESP) que examinou a propriedade ficou pronto.
Nessa semana também foi registrada a morte da búfala Amora, que foi encontrada deitada no pasto após as fortes chuvas que atingiram a região no domingo. Mesmo sendo levada para o hospital de campanha, o animal não resistiu.
A ONG Amor e Respeito Animal (ARA), está fazendo uma enquete no Instagram para escolher o nome dos dois bebês. “Os primeiros filhotes são nosso símbolo de esperança. Eles nasceram quando completou exatamente um mês da morte da Carequinha, a búfala que fizemos um vídeo em que ela aparece apreciando o pôr do sol. Por isso, sugerimos os nomes Aurora e Luz, em homenagem à Carequinha e porque essa bebê linda é o nosso clarão em meio a esse cenário de muito sofrimento”, diz a ativista e voluntária Larissa Maluf, para o jornal O Globo.
Os filhotes nasceram saudáveis e estão sob os cuidados da equipe médica veterinária que atua no tratamento dos animais. Larissa conta que a previsão é que mais filhotes comecem a nascer nas próximas semanas. Por conta do crescimento da comunidade de búfalos, os protetores estão se empenhando em arrecadar mais doações para manter os alimentos e medicamentos dos animais.
”São toneladas de comida por dia e com os filhotes nascendo teremos cuidados e necessidades redobradas. Por isso, a gente pede para que quem puder, realize uma doação. Todas as informações estão nas nossas redes sociais @bufalas_de_brotas”, pede Maluf.
Relatório
O relatório da perícia ambiental realizada na propriedade aponta diversas irregularidades na fazenda de exploração de búfalas. Além de constatar os maus-tratos, o laudo apura crime contra a saúde pública após verificar que a operação da fazenda não segue as regulamentações necessárias para a produção de leite, como vacinação dos animais, sendo encontrado diversos remédios vencidos. A ausência de relatórios sobre a qualidade do leite retirado das fêmeas também é um problema apontado pelos peritos, e ainda, a abertura de uma vala próxima a uma nascente de água, é configurado como crime ambiental grave, por ter grande potencial de contaminação dos lençóis freáticos que passam pela área.
As equipes constataram que os animais foram expostos a desnutrição severa por mais de uma vez. Outra barbaridade cometida nas instalações da fazenda, era a inseminação artificial de búfalas em estado de sofrimento. O documento aponta que as fêmeas eram forçadas a se reproduzirem mesmo em estado de debilidade extrema provocada pela falta de alimentação, essa condição leva o corpo a consumir e degradar seus próprios tecidos para obter as calorias necessárias à vida.
Em uma outra vala, foram encontrados mais de 62 crânios, sendo que 96,8% dos cadáveres tinham idade inferior a 5 anos, refutando a versão apresentada pela defesa do pecuarista Luiz Augusto Pinheiro de Souza, de que aos animais estavam morrendo de velhice. Os pesquisadores também não descartam a possibilidade de algumas delas terem sido enterradas vivas.
