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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Nasa indica que região do Pacífico tem aumento irreversível do nível do mar

Projeções feitas pelos cientistas sugerem que, até a década de 1950, algumas partes do globo podem precisar lidar com elevações de pelo menos 15 centímetros e inundações cada vez mais frequentes

8 de outubro de 2024
Arthur Almeida
5 min. de leitura
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Nações insulares do Pacífico, como Kiribati — um país de baixa altitude no sul do Oceano Pacífico — estão se preparando agora para um futuro de níveis do mar mais altos — Foto: Observatório da Terra da Nasa

Ao longo dos próximos 30 anos, nações insulares do Oceano Pacífico, como Tuvalu, Kiribati e Fiji, serão forçadas a conviver com uma elevação de pelo menos 15 centímetros no nível do mar. A projeção foi feita por uma equipe de cientistas da Nasa, que ainda indica que esse aumento já é irreversível, e ocorrerá independentemente das políticas contra as emissões dos gases de efeito estufa.

O estudo foi conduzido a pedido de representantes das próprias nações, em parceria com o Departamento de Estado dos EUA. Além da análise geral, também foram produzidos mapas de alta resolução que demonstram quais áreas serão vulneráveis às inundações de maré alta até a década de 2050.

Tais mapas consideram o potencial de inundação em uma série de cenários de emissões, dos “leves” aos mais graves. Interativos, eles podem ser acessados gratuitamente pelo portal do grupo de pesquisa sobre as mudanças no nível do mar da Nasa.

“O nível do mar continuará a subir por séculos. Esta nova ferramenta informa como será o aumento potencial na frequência e na gravidade das inundações”, explica Nadya Vinogradova Shiffer, que dirige o programa de física oceânica da agência, em comunicado. No mesmo, Grace Malie, uma jovem líder de Tuvalu, complementa: “Os dados podem ajudar as comunidades a compreenderem onde concentrar seus esforços e desenvolver sistemas de alerta”.

Inundações mais frequentes

A análise também revelou que o número de dias de inundação de maré alta em um ano médio aumentará em uma ordem de magnitude para quase todas as nações insulares do Pacífico até a década de 2050. Partes deste estudo foram incluídas em um relatório sobre o aumento do nível do mar publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em agosto.

O levantamento indica que, em Tuvalu, onde atualmente ocorrem menos de cinco dias de maré alta por ano, essa média pode crescer para 25 dias de inundação até a metade do século. Da mesma forma, em Kiribati, a frequência dessas ocorrências pode subir para uma média de 65 dias por ano.

“Vivemos reféns da realidade das mudanças climáticas”, afirma Malie, que está envolvida com o Rising Nations Initiative, um programa apoiado pela ONU para ajudar a preservar as populações ameaçadas pelo aquecimento global. “Todos em Tuvalu vivem na costa ou ao longo do litoral. Então, o país inteiro será fortemente afetado pelas inundações”.

Estima-se que as enchentes nas nações insulares podem vir do oceano durante a ocorrência de tempestades ou por marés excepcionalmente altas. Mas existe também a possibilidade de ocorrerem quando a água salgada invade áreas subterrâneas e empurra o lençol freático em direção à superfície.

Aumentos não uniformes

A elevação do nível do mar não ocorre uniformemente em todo o mundo. Uma combinação de condições globais e locais, como a topografia de um litoral e como a água derretida glacial é distribuída no oceano, afeta o tamanho do problema que uma região específica enfrentará no futuro.

“Estamos sempre focados nas diferenças no aumento do nível do mar de uma região para outra, mas no Pacífico, os números são surpreendentemente consistentes”, afirma Ben Hamlington. O pesquisador é líder da equipe científica de mudanças no nível do mar da Nasa.

Os impactos de 15 centímetros de elevação do nível do mar variam de país para país. Projeta-se, por exemplo, que algumas nações podem sofrer inundações incômodas várias vezes anualmente em seus litorais, enquanto outras podem viver isso por quase metade do ano.

Como próximos passos do estudo, os responsáveis gostariam de combinar dados de satélite com medições terrestres dos níveis do mar em pontos específicos, bem como com melhores informações sobre a elevação da terra, o que poderia produzir projeções mais precisas. “Mas isso pode ser um desafio uma vez que, em boa parte desses países, há uma real falta de dados”, alega Hamlington.

Fonte: Um Só Planeta

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