Madeiras ilegais apreendidas pela Polícia Militar Ambiental na região de Presidente Prudente (SP) que são transformadas e voltam como benefício à sociedade. É o que acontece no projeto “Produzir e Reinserir”, entre a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (SAP) e a corporação. A produção da primeira remessa de produtos está em fase de conclusão e resultará num total de 50 casas para cães e gatos.
Neste ano, 55,7 m³ de madeiras nativas ilegais foram apreendidas em fiscalizações da Polícia Ambiental no Oeste Paulista.
Esse material, sem legalidade no transporte e/ou depósito e sem origem legal, foi doado e direcionado às mãos de 10 sentenciados da Penitenciária de Caiuá (SP) para se transformarem em casinhas para cães e gatos abandonados e em situação de rua.
A Secretaria da Administração Penitenciária informou que a Penitenciária de Caiuá desenvolve desde 15 de março deste ano o projeto “Produzir e Reinserir”, com a participação de 10 sentenciados do regime semiaberto.
“Após doações de matérias-primas vindas de entidades parceiras, os presos produzem casinhas para cães e gatos abandonados e brinquedos para crianças carentes. Além disso, constroem e reformam móveis para doar para entidades que atendam ao interesse público”, explicou a SAP.
Conforme a pasta estadual, o projeto pretende aumentar as vagas de trabalho na unidade, com o objetivo de levar aprendizado profissional e reinserção social aos sentenciados.
“Nesta primeira fase, foi firmada uma parceria com a Polícia Militar Ambiental de Presidente Prudente. A instituição faz a doação de madeiras apreendidas e contribui para a construção dos abrigos para animais de Presidente Prudente. O projeto está em fase de conclusão da primeira remessa de produtos, que resultará num total de 50 casas para cães e gatos”, contou.
Para a produção acontecer, é utilizado um barracão que fica na área externa do presídio, com orientação e acompanhamento de servidores.
“A SAP ressalta que o projeto viabiliza o trabalho, treinamento de habilidades técnicas e preparação do reeducando para o retorno e convívio em sociedade, bem como proporciona aos sentenciados condições para a reinserção social, ofertando conhecimentos profissionais, trabalho e noções de cidadania, além de contribuir também com a sustentabilidade do meio ambiente, uma vez que as madeiras apreendidas pela PM, que são retiradas da natureza de forma ilegal, acabam sendo aproveitadas pela sociedade”, esclareceu.
De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária, todos os sentenciados participantes do projeto fazem jus a remição de pena, ou seja, a cada três dias de trabalho um dia da pena é reduzido.
Parceria
Fiscalizações diárias que resultaram em quase 56 m³ de madeiras nativas ilegais apreendidas em 2022, segundo afirmou o capitão Júlio César Cacciari de Moura, oficial que responde pela 3ª Companhia da Polícia Militar Ambiental, com sede em Presidente Prudente.
Conforme o oficial, somadas as apreensões do ano passado, 62 m³ de madeiras ilegais foram destinadas nos seis primeiros meses de 2022 a prefeituras e outras instituições públicas e filantrópicas.
“As doações contabilizam, esse ano, valor aproximado de R$ 300 mil. Madeira ilegal que sai do crime e vai servir à população”, salientou o capitão Cacciari.
Em relação à parceria com a SAP, que teve início há cerca de 60 dias, o oficial da PM Ambiental ressaltou que “o projeto proporciona a retirada de um produto ilícito do crime e um retorno para a sociedade”.
Isso ocorre através do trabalho de reeducandos na realização de “seu papel social, possibilitando o desenvolvimento pessoal, utilizando e aprimorando sua capacidade de percepção, atenção, memória, raciocínio rápido, bem como suas habilidades para a resolução de problemas simples e complexos, possibilitando aos mesmos buscar estratégias criativas e inovadores, dentro de um processo real de trabalho”.
Ainda de acordo com o capitão da Polícia Ambiental, há previsão de que o projeto caminhe para a elaboração de brinquedos para crianças e pontos de ônibus com melhores condições para a sociedade da região.
“Parceria que desenvolve e leva melhores oportunidades à sociedade”, reforçou o oficial.
Auxílio
Prestes a receber os abrigos produzidos, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Presidente Prudente disse que “entende como extremamente positiva essa parceria firmada entre a Polícia Militar Ambiental e a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), para construção de casinhas para abrigar cães e gatos”.
“Sobretudo neste período mais frio, estes dispositivos vão auxiliar a administração municipal a oferecer um abrigo adequado para animais em situação de rua”, destacou o órgão municipal.
Além disso, o CCZ afirmou que tem a intenção de “fornecer parte dessas estruturas para as entidades ligadas ao bem-estar animal, bem como fornecer junto às casinhas um ‘bebedouro’ e um ‘comedouro’, também com o apoio da Polícia Ambiental”.
Fonte: G1